domingo, 10 de julho de 2011

Sábados Animados

I)

Ele começa na sexta quase como um "shabat". Ela recebe uma ligação. É a senhoria e o contrato de aluguel termina no dia seguinte. Toma uma decisâo: estou indo para ai mais tarde. Não conhece sequer a inquilina e acha que ela não vai incomodá-la, mesmo que passando a madrugada arrumando caixas para um suposto novo inquilino.

Quebra de regras e Berlusconi, naquele momento é um anjo perto dela, a Porcina de Acari.

Como Judas toma sopa com aqueles que ela vai querer depois ver pelas costas. Se surpreende, mas a inquilina resolve dormir em outro lugar na mesma rua e entrega-lhe as chaves e duas notas de despesas extras. Isso segue sem reclamação, e temos uma noite com morango, "A Origem" e chantilly. Morango surpreendente que julgamos estragados, pela aparência do mercado onde fora vendido.

Dia seguinte, bem cedo a nossa Porcina está a 1000 por hora e importuna aqueles com quem ela teve a que seria sua "última ceia em Araruama". Exige, está pilhada e não quer lá muito papo. Aqueles cristãos resolvem dar a cara para bater porque no fundo a merda estava para acontecer. E aconteceu:

O futuro inquilino reclama dos interruptores retirados. Não há mais negócio. Sorte a dele que tudo fora de boca. Furiosa ela vai embora com o caminhão de mudança, gasto desnecessário e o incidente que alegrou a todos que se surpreenderam no dia anterior com o "estou indo dormir ai".

No dia seguinte descobre-se que não era futuro inquilino, mas futuro propietário. A merda era maior, não havia promessa de compra e venda. restou a proprietária: uma casa vazia, um negócio desfeito, o não voltar tão breve e muito, mais muito Mi Mi Mi!

II)

É aquele impacto de sempre de quem sai da roça, mesmo que semanalmente, para a capital. E aquele monte de gente, aumenta mais a beleza. Lugares outrora familiares continuam familiares com uma dose de maravilhoso estranhamento. Percebe-se melhor a beleza das coisas.

Quebra-se o protocolo, vai-se ao shopping e mais impactante: há compras. Talvez é a necessidade também de estar bonito, pois quem olha quer ser visto. E a frase de Dillah Dilluz, dita no remorso do amigo pelo gasto, pode-se ter uma melhor ideia: "beleza não é só uma dádiva divina, mas um direito que me assiste".

Volta para o setting inicial. Não gostamos de ônibus quadrados, mas resolvemos pegar aquele. O de rosto quadrado senta perto e pode demonstrar que nem tudo no mundo é quadrado. O corpo é feito de curvas assim como os interesses geológicos. O que quebra é o Efeito Garnier, mas o olhar e ser olhado vale a viagem.

Pausa, o amigo tem que cuidadar de si. É o direito que lhe assiste. Nessa espera com cerveja no bar na beira da calçada com aquele jogo horroroso, um reencontro. Um que era muito querido com alguém que se levantava suspeitas no meu relato de Gaydar danificado, morreram de vez ali.

Mais mais mais cervejas. O toque camarada na perna, o afastamento histérico. Depois o braço na cadeira e a retirada desconfiada. A volta do amigo e os papos amenos e mais uma vez teses são quebradas; a do não-quadrado do corpo e que, sim, é possível haver curvas em um corpo branco. O amigo nota a evolução dos fatos escondidos sob o cinza de uma bela tarde azul de sábado. Inverno carioca.

Na despedida ficamos a esperar o que acontecerá daqui para frente. Que barreiras ainda precisam cair. Por enquanto deixemos tudo nestes sábados animados.

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