terça-feira, 18 de junho de 2013

Do pessoal e do coletivo



Estou há tempos protelando novas postagens por aqui. Especialmente agora que é outono, estação simbólica não só pelo fato dela ser a minha preferida, mas também quando ocorre o meu rito pessoal maior: o meu aniversário.

E nessa virada dos 35 tenho percebido de forma mais intensa as minhas emoções. Ao mesmo tempo inicio um relacionamento amoroso de forma mais tranquila e nem por isso menos intensa. Por vezes um sorriso desconcertante ao ouvir um "Eu amo você" me diz muito mais ao meu respeito do que uma série de elocubrações.

Acontece que eu sou prolixo.

E sou do tipo que sempre penso nas interseções da história coletiva com a história individual. E isso acaba mexendo com certas emoções em outros campos, em outros relacionamentos amorosos.

Estamos cá agora vivendo toda essa onda de protestos no Brasil. A história coletiva acontecendo. E em meio a tudo isso vejo pelas redes sociais uma pá de opiniões. Acaba que uma, mesmo que sendo uma merda, ganha mais relevância que a outra. Afinal vem na cabeça: poxa, vem de alguém que a gente ama, convive por mais de 20 anos desde o momento que nasceu etc etc etc. Mas antes desse "vir na cabeça" vem uma raiva acompanhada por uma série de ressentimentos.

E por que eles aparecem? Um exercício mental me lembra de que por mais que eu queira ignorar o fato, tem a história pessoal. Nela vem uma enxurrada de ressentimentos por parte da outra pessoa. E isso mexe comigo. Admitir isso é um primeiro passo.

E quais seriam os outros?

Diante das opiniões pessoais desse outro na qual vejo no intertexto uma série de ressentimentos o exercício da sabedoria a ser feito, antes do "deixa pra lá, é irrelevante" é pensar na clássica pergunta que, vira e mexe, o Evandro me faz: "Odilon, isso muda alguma coisa na sua vida?". É um questionamento libertador.

No caso não muda em nada. Sou talvez como Ló ao sair de Sodoma e Gomorra e segue em frente em busca de uma nova terra. A esposa vira para trás, vira uma estátua de sal. E as estátuas de sal devem ficar onde estão, até serem dissolvidas. Ela não há de salgar o meu prato.

E no mais, tem algo muito, mas muito maior acontecendo a minha volta...seja pessoalmente, seja no coletivo.