terça-feira, 28 de agosto de 2007

Não sabe? Joga no google!

Esse blog que inicialmente pretendia ser menos bissexto que os anteriores que criei parece estar com o mesmo ranço dos seus similares. E bate aquele velho chavão psicanalítico que diz “o neurótico não recorda, repete”. E isto aqui fica parecendo o tempo do Rio de Janeiro esses dias, isto é, dia de calores dignos de verão – porém com o tempo “abafado” – e de repente queda da temperatura e chuva fina.

Falando em tempo o fim de semana foi ótimo para tirar fotos. Em especial do Jardim Botânico, local que este carioca desnaturado não tinha colocado os pés ainda, bem como no bairro homônimo, que me lembrou os tempos de colégio. Pra ser mais exato um menino que vivia me seguindo pela sala de aula com a desculpa de que não trouxe o livro de história e queria sentar do meu lado quando a sua namorada faltava a aula. Mas essa é uma outra história.

O grande barato de tirar fotos dessa cidade – e no flickr tem o resultado delas, basta clicar no banner na parte lateral deste blog – é perceber o quanto essa cidade é bonita, mesmo com tanta gente maltratando-a. Inclusive soltei um “porco!” sonoro na volta pra casa quando vi um vizinho meu que desconheço jogar plástico do cigarro no chão da rua. Não bastava ele emporcalhar os próprios pulmões e de quem está a sua volta. Tinha que sujar o chão também. Fico com a nítida impressão que o Rio é como a puta mais linda do bordel, completamente desvalorizada, desacreditada, violenta e decadente mas ao mesmo tempo dona de uma grande beleza que atrai muitos clientes e desperta a inveja de outras putas e de “senhoras de respeito”. É uma metáfora interessante pra essa cidade cheia de curvas, montanhas e prédios antigos.

E na volta pra casa vejo um monte de gente parado em frente ao camelô na Rua do Catete vendo ao filme hypado por meus alunos , o “Tropa de Elite”. Tomei um susto quando a molecada me falou que estava vendo filme nacional, depois que me dei conta que para eles o mais importante era falar das cenas chocantes e dos tiros, sem fazer concatenação com a realidade que os cerca. Pelo menos em um primeiro momento.

Daí chego em casa e “jogo no gugol” o nome do filme e fico sabendo que esta versão pirata é uma cópia que ainda não foi completamente editada e que vazou, pois o filme será lançado no Festival do Rio. E me vem na cabeça que era o mesmo filme em que um amigo trabalhou na produção no ano passado. Sim, um filme que fala a respeito do BOPE e de suas atrocidades com a população pobre fluminense – algo talvez parecido com a ROTA paulista, não estou bem certo. O fato é que lá pelas tantas o diretor “intelectual que filma na favela e critica o sistema” solta uma perola. Ele afirma que ficou puto com o vazamento do filme, mas que não se preocupa com a bilheteria uma vez que o público de seu filme não é o mesmo que compra DVD pirata. Faz-me rir, que o meu pai pegou emprestado um “piratex” do filme 300 com um “douto” vizinho do andar de cima que tem todo perfil do “público do festival”. Depois de ouvir uma idiotice dessas dá raiva ver esse povo reclamando de falta de verbas pro cinema. Na boa, posso estar sendo um pouco “mainardiano” demais da conta, mas ouvir uma coisa dessas justamente de onde menos se espera (ou não) é no mínimo revoltante.

Enfim, coisas do Rio. E no próximo post vou colocar as minhas 7 maravilhas desta cidade, bem como as 7 desgraças.

sábado, 18 de agosto de 2007

Desfazendo o rascunho

1- Ouvi essa semana o último álbum dos Chemical Brothers "We are the night" e tenho que mencionar aqui que o trabalho está maravilhoso. Não conheço a discografia completa do duo de Manchester, Inglaterra. Todavia digo que este álbum é digno do trabalho dele e o mais interessante, que eles são capazes de se renovar, mesmo pegando "coisa velha". Explicando: pelo que ouvi de trabalhos anteriores eles têm uma pegada forte no rock entre outros estilos. Em We are the night, talvez por fazer alusão à danceteria, o rock fica um pouco de lado e tem-se outras misturas, como o hip-hop do começo dos anos 80 - algo também explorado pelos dinamarqueses do Junior Senior - electro e batidas mais "viajantes". Quem ouviu a última faixa da coletânea de singles deles lançada em 2003 (não ouvi ainda o "Push the bottom", de 2005), tem-se a impressão que Golden Path - faixa com o "Flaming Lips"- teve uma continuação neste álbum em sua primeira faixa "No Path to Follow", não apenas pelo substantivo coincidente. Isso sem falar na faixa à la Justin Timberlake- que torçam o nariz os seus fãs mais afoitos ao "odeio música pop" - Do It Again. Acredito ser meritoso um artista conseguir soar mais pop sem que isso signifique perda de qualidade. E talvez por isso alguns críticos tenham torcido o nariz para o álbum por conta da maldita síndrome de underground. Outra faixa que merece ser mencionada é "Modern Midinight Conversation" que tem uns samples que me fizeram voltar para o começo dos anos 80, quando eu ouvia Manchete FM e tentava imitar o povo dançando break na novela "Partido Alto". Ok, não era em Manchester.

Aqui o clipe da timberlakeana "Do It Again" com um "q" de Push the tempo do Fatboy Slim:




2- Não preciso mais falar do "Cansei". O comentário no post anterior do Rodrigo e essa notícia são sufcientes. Apesar do tiozinho ser mais um daqueles loucos chavistas que acham a Venezuela "modelo de socialismo", os gongos dele em gente tão variadamente absurda como Hebe, Ivete Sangallo, Agnaldo "do Cacique" Rayol, João Dória Jr e o próprio presidente da OAB - o mesmo que defende o casal Hernandez da Rensacer- são maravilhosos.

3- Por que a novela das 7 é chata?

a) Por que a Priscila Fantin é péssima atriz, caricata e chata?
b) Porque o Gianecchini não convence como taxista?
c) Porque o Walcyr Carrasco insiste em ser didático ao apresentar os 7 pecados.
d) Por que tem Cláudia Raia no eterno papel de travesti?
e) Por que insiste com Mel Lisboa como "femme fatale" (e acho que a menina tem talento).
f) Por que tenta me convencer que vou pegar um táxi em Sampa com o Max Fercondini com um bigode nada a ver?
g) Por que Giovana Antonelli se encontra insossa e apagada, bem diferente da novela que reprisa depois do Video Show?
h) Por que desenterrou o Juan Alba ao invés de deixá-lo perdido pelas Records da vida?
i) Por que o excelente -e gostoso- ator Aílton Graça parece-me engessado no papel do Barão?
j) Por que tem a Claudia Gimenez como a eterna gorda-engraçada-do bem fazendo dupla com a anja biba de Niterói? Saudades de Edileuza.

Todavia, tem alguns pontos interessantes, incluindo Gabriela Duarte -sim, ela mesma, a Maria Eduarda chatíssima do Maneco- fazendo um papel interessante, embora clichezento como a professora bacana que vai mudar os marginais do colégio e com boa interação com Marcelo Novaes.

A novela das 6 não existe, portando dispensa comentários.

4- Ouvi também o álbum Idealism, do Digitalism. É um álbum legal, bem feito e tudo e tal. Só não compreendo esse hype todo em torno do Digitalism e essa coisa do "vem ou não vem tocar no Tim Festival". Aliás se é uma coisa que me dá nojo é esse Tim Festival: aparecem os hypes de ocasião, blogs e fotologs de bichas desesperadas comentando que foram no show de fulano de tal para se sentir "in" mesmo sem saber sequer onde fica a Península Nórdica ou a Jutilândia - local de onde aparecem muitos dos hypes/indies atuais - e aquela invasão de gente aqui na Marina da Glória que aflora o meu instinto parisiense wannabe que detesta um batalhão de gente de fora na "minha área".

5- E os morangos da feira aqui perto - devem ser de Atibaia, como diz a Dona Edith - são melhores porque não estão mofados, pode comê-los sem açúcar o que agrada muito este ser gordo que escreve esse post rabugento e azedo, como os morangos.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Rascunho

Temas para posts futuros:

1- O último álbum do Chemical Brothers
2- Porque cansei do "Cansei" ( idéia tirada do blog do Marko)
3- Porque a novela das 7 é chata e a das 6 não existe
4 - Por que o hype em torno do "Digitalism"?
5- As razões filosóficas, existencias e sócio culturais em uma perspectiva psicodinâmica que levam a crer porque os morangos da feira do Catete são os melhores do bairro.

E outras coisitas mais...

domingo, 12 de agosto de 2007

After all



Vou mencionar aqui neste blog a minha dupla favorita. Sim, são os Pet Shop Boys. Em 2005 Neil Tennant e Chris Lowe se juntaram ao compositor alemão, criado em Dresden, Torsten Rasch e a Dresdner Sinfoniker para fazerem uma nova trilha para o filme clássico "O Encouraçado Potemkin" (1925) do russo Sergei Eisenstein. Rasch já tinha feito um álbum chamado Mein Herz Brennt (Meu Coração Queima) baseado na música da banda de rock alemã Rammstein.

O desejo do diretor russo era que a sua obra ganhasse uma trilha sonora a cada década. Não estou certo de que a promessa foi cumprida mas é fato que o duo inglês fez jus à obra de Eisenstein. Eles fizeram uma obra-prima que parece, de um ponto de vista conceitual, a continuação do que eles fizeram em "Left to My Own Devices" do álbum Introspective (1988). As músicas são belíssimas, acompanham o rítmo da trama e a despeito do quão "moderna" possa parecer a música eletrônica (algo que se iniciou desde os tempos em que o filme foi lançado, ou seja, antigo) e puristas de plantão possam torcer o nariz, as músicas são belíssimas e trazem na medida exata as emoções que o filme passa. O destaque fica para "After All", que acompanha a cena da clássica e imortalizada "escadaria de Odessa". Quem estiver a fim de ver e talvez chorar o tanto que eu já chorei com essa cena, é só conferir aqui:



Podem ter alguns outros que torcerão o nariz pelo fato do filme ter sido propaganda Stanilista. Sim, ele foi. Mas quem observa o filme só por essa matiz ou é extremamente preconceituoso, ou só enxergou o que está na superfície ou as duas coisas juntas. O filme é uma obra de arte, e tal como o próprio Tennant observou, em princípio ele achou que eo filme ra só propaganda comunista, no que Lowe retrucou afirmando que o filme sobre um ideal, um ideal de revolução. A história da trama se passa em 1905, ainda na época que o historiador Eric Hobsbawn chama de "a era das revoluções" que se encerra em 1917, que começa a chamada "era dos extremos".

E talvez eu tenha me emocionado tanto com o filme, com a trilha (seja a original ou a de 2005) entre tantas coisas seja mesmo aquela minha característica da qual já fui acusado algumas vezes: caretice. Tudo isso porque ainda acredito naquela coisa, tão demodê desde o último século, chamada liberdade.

Segue abaixo a minha tradução para "After all", faixa do álbum que ilustra bem toda a idéia:



Se você realmente não entendeu as regras
Se você sequer conhece os resultados
Então como nós estamos em guerra?

As pessoas estão vivendo agora
dentro de suas lembranças
Até que ponto nós todos acreditamos
e como nós nos iludimos?
O tempo corre
estamos todos começando a morrer
apesar de tudo

Se você realmente não entendeu a causa
Se você sequer parou para pensar
Então como nós estamos em guerra?

As pessoas estão caindo
se tornando lembranças
Algum dia todos nós seremos lamentados
tarde demais para sermos aliviados
o tempo corre
todos nós começamos a morrer
apesar de tudo.

Eu sei que vai chegar a hora
Apenas espere e veja
A mudança não é obstáculo
nós podemos concordar que
o paraíso é possível
apesar de tudo

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

A "volta" da violência depois do Pan

Da série como a mídia fluminense mente: está em todos os jornais - e na Rede Bobo - que depois do Pan voltaram os conflitos nas favelas. Que a violência "voltou" depois que o esquema de segurança do Pan foi embora. Será?

Bem, andei pelas ruas nos dias do Pan e não notei a menor diferença. O meu lado "direita" ficou na esperança do que o povo pseudo-esquerda anunciou: iriam fazer um "faxinão" nas ruas e a molecada- que carinhosamente chamo de "mini-Elzas" - sera levada para os Padres Severinos (a versão fluminense de FEBEM) da vida. Pois bem, tentei ir no banco outro dia e as mesmas mini-elzas de sempre estavam na porta. Cadê o faxinão prometido?

Então tá, acabou o Pan e fica aquele espaço vazio no jornal. E tal como cantor decadente, vamos promover a "volta" de alguma coisa que na realidade sempre esteve presente e nunca saiu.

Em tempo: a favela próxima a outrora Vila Olímpica, ao que parece, será finalmente removida. Sobre essa "volta" da violência, o destaque foi pouco.