quarta-feira, 19 de maio de 2010

Outono

Outonos são belos e estranhos. É um preparo para um inverno rigoroso enquanto a Terra tenta buscar seu equilíbrio naquele troço chamado Equinócio. Levei anos para entender finalmente isso, porque não a translação do planeta e sim sua inclinação e afastamentos produziam as estações do ano.

Nos trópicos as estações não se definem. Ou melhor são duas: as com chuva e sem chuva. Isso quando é tropical típico, como em Brasília, terra de coisas que consideramos tão típicas, essa Arca de Noé inversa com espécies corruptas de cada estado brasileiro. Não é de política que quero falar, é de estranhezas. E o outono cá, no tropical úmido é uma época de chuviscos e de climas amenos. De belos dias de céu azul porcelana. Nesse cenário que tudo estranho acontece, já que o coração é intenso e se reserva de muita coisa, uma etiqueta - pequena ética - que nunca pude compreender direito como acontece. E tá ai o verdadeiro ajuste que acontece. Uma pessoa que trata as emoções de forma tão outonal, buscando o equlíbrio, tal como o planeta, entra em conjunção em uma estação que busca ser assim, nesse meio entre o mais úmido e o não tão úmido, caindo no máximo a 15 graus. Por isso, e só por isso, é que Deus, ou seja lá o nome da entidade responsável por isso, libera todas as insanidades do ambiente e cabe a mim ter que fazer com os meus monstros loucos as encontre.

Respect

Lembra-te quando aquele rapaz insistia em falar sempre "deixa quieto!", como forma de evitar o confronto contigo? Bem, respire fundo e conte até 10. No seu caso isso será insuficiente para você deixar as coisas que te tumultuam por dentro quietas. No entanto, já é um bom começo. Há alguns anos você seria incapaz de tentar isso, de querer ter essa maravilhosa capacidade de rolo compressor- que eu sei bem que és um e insiste em esconder isso para não ficar mal na foto- e colocar as coisas para cantar pra subir. Sim, reconheço que você tem aquele péssimo hábito do "Ah tivemos momentos tão felizes caminhando na areia que nunca aparecera na laguna e justamente naquele dia só para nós.." ou ainda aquela frase do "mas nós rimos muito de alegria enquanto ríamos e nos contemplávamos nus narcisicamente olhando ao espelho" e tantas outras fórmulas prontas que você investe tanta energia nesse passado e se torna incapaz de usar o rolo -ou passar o rodo- e deixar isso pra lá, até porque há possibilidades de chuva na sua horta. Talvez você não queira a chuva porque para isso terá que abrir mão de um passado que lhe oferece uma falsa sensação de segurança. Falsa porque é morta, e as coisas mortas se deterioram, quebram-se em outras substâncias, húmus para que novas descobertas ainda melhores aconteçam. Isso é parte daquilo que se chama auto-estima. Ou como cantaria teu melhor amigo "pense em Respect, da Aretha". Ai sim, quando tudo isso se reforçar, tal como um choque num rato de Pavlov, em sua vida, não será necessário sequer contar até 10, porque mais de 1000 coisas boas - com as ruins de reboque, mas isso é parte da vida - hão de acontecer.

Falta

Vem a pergunta, do que você sente falta? Tá lá no alfabeto que eu mesmo inventei...letra M, não é mesmo? M de mentiras, das mentiras que eu conto a mim mesmo. As que me sustentam até o momento em que meu toque de Midas, outro nome com um M de Maldição, resolve estar no lugar errado e na hora errada e puff!, deu pane no sistema sem precisar fazer nenhum esforço. E vem também a Mensagem, a necessidade de um objeto perdido, um substituto perfeito para dizer-me algo, quando escamoteias o que sentes, o desejo de ter-me por ter se esbarrado em uma outra mentira, aquela que você criou e virou só uma singela mensagem, um sMs. Estes eMes esperemidos em "esses", a letra do plural que mostra que a mesma imaginação que inventa as melhores e piores desculpas é a mesma capaz de me fazer criar novas ficções e aventurar-me com elas, sem tua necessidade, presença ou risos que outrora me fizeram tão bem e de que ainda sinto falta.

Do que eu sinto falta mesmo?

terça-feira, 18 de maio de 2010

382

Por que os maiores desejos insistem em aparecer no real quando eles não podem ser realizados?

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Descoberta

Hoje percebo porque imagens de crianças com chupeta me emocionam ou me causam algum tipo de comoção: elas falam de desamparo.

Igreja e pedofilia

Pensei no tema desse texto antes das declarações dadas por Bento XVI em Portugal. Muitos críticos ainda podem torcer o nariz, e com o razão, para a falta de postura da Igreja em relação aos padres pedófilos e a grande falácia que muitos fundamentalistas aproveitam para crucificar – sim, o termo é irônico- os homossexuais. De qualquer forma, em se tratando de catolicismo, já é um avanço.

O fato do Papa ter colocado em pauta a necessidade da Justiça julgar os pedófilos e não a Igreja é uma mudança se considerarmos que até os fins do feudalismo – isso sem considerar a Península Ibérica da Contrarreforma- ela era soberana absoluta e não reconhecia poderes locais. Como próprio nome sugere, herança do Império Romano de outrora, ela era “universal”. Precisou Lutero e seus seguidores, para favorecer os poderes nacionais locais, mudar isso no plano político-religioso, mas isso já é outro assunto.

Pedofilia não é privilégio da Igreja. No seu excelente livro sobre os perversos, Elisabeth Roudinesco elenca os 3 perversos na sociedade atual: o transexual, o terrorista e o pedófilo. Esse último representa vários desafios: é um prazer que vem da relação de poder – ai cabe a distinção de Jung que coloca a teoria de Adler como primado do poder, ao contrário de Freud que privilegia o prazer – e vamos ter em mente que estamos em uma sociedade que valoriza a juventude, modelos de 13 anos só que sem a imagem já característica de homens ou mulheres recebendo suas primeiras doses mais fortes de hormônios sexuais, mas uma imagem pálida, esquálida, pré-púbere, praticamente e paradoxalmente dessexualizada. Talvez a imagem de alguém com traços das suas características sexuais secundárias já represente uma ameaça a imagem infantil construída dessa perversão coletiva/consumista em que se soma o desejo de ser (jovem) e ter (consumo, moda). E daí tem se a morte do perverso, outrora um pária da sociedade que em nossa versão do Alienista de Machado de Assis a sociedade como um todo não é lá diferente daquilo que ela considera doente, o que ela rejeita.

E tome escândalo com os padres enquanto por fora tem-se casos de pedofilia com professores, instrutores que lidam com jovens, os famosos estranhos tarados que nossas mães mandam evitar – o caso de Luiziânia ilustra com um perverso desses que nossos pais tanto temiam - representantes de outras religiões e, no caso que a imprensa custa em admitir e que é onde ocorrem a maior parte dos abusos, porque além do poder tem o afeto envolvido, a mais sacralizada das instituições: a família.

Os padres estão corretíssimos ao afirmarem que pedofilia não ocorre dentro somente no âmbito do catolicismo. Todavia, isso não deve ser desculpa para que a Igreja tome as suas providências, já que ela como Instituição deve sim dar satisfações a seus fiéis e ás comunidades que ela atende, seja por coerência com o princípio cristão, seja por respeito às leis seculares, como o próprio Mestre disse “dai a César o que é de César”.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Imagina. Melhor não!

Ontem li este texto no blog do Diego Quiroga, de Buenos Aires, falando sobre a sensação quando se leva um fora de alguém ou quando seu amor não é correspondido. Minha tradução não é das melhores, mas creio que é legível, dentro de suas possibilidades. Então, segue a seguir o texto.


...o dia que tanta injustiça, tanta imperícia, tanta imprudência finalmente sejam reparadas, o dia que o maior idiota do mundo, também conhecido como o amor de nossa vida, se der conta de que nos ama. Isso seria um dia perfeito a sério”

Imagine como seria o dia perfeito para você. Imagine que pode deixar de ser egoísta e mudar o mundo. O que lhe proponho é que imagine duas coisas distintas, porém simultâneas. O certo é que quando primeiramente me veio a mente imaginar um dia perfeito, o primeiro que imaginei foi que eu poderia mudar os sentimentos de uma pessoa. E com uma pequena reflexão, me dei conta de que não importa o mundo, nem me importa o 2012. Na mente de uma pessoa apaixonada/alienada está sempre o mesmo pensamento. É um egoísmo pouco raro. Poder escolher, o que imagino que foi, o quanto ou qual pessoa me ame. Em algum lugar mais simples, deixar de pensar constantemente no mesmo indivíduo, que por certo, para escolher este último não precisa de Gênios ou lâmpadas maravilhosas.

O dia perfeito seria, não sei, digamos: “a paz mundial”. Se não pensamos em algo tão altruísta, poderíamos dizer: “um pouco de paz”. E o egoísta poderia dizer: “que todos me deixem em paz”.

No entanto há outra clase de dia perfeito, o dia em que finalmente, alguem se imagina que vai ganhar. “Quem vai ganhar a loteria?” “quem vai ganhar um aumento ou as eleições presidenciais?”. Não, claro que não, o dia que tanta injustiça, tanta imperícia, tanta imprudência finalmente sejam reparadas, o dia que o maior idiota do mundo, também conhecido como o amor de nossa vida, se der conta de que nos ama. Isso seria um dia seriamente perfeito a sério. Porém, (claro, sempre porém) há algo em nosso egoísmo que nos faz esquecer do mais importante, a pessoa em questão. Sempre a mesma, ainda que possam ser muitas pessoas que representem o mesmo, certamente andam pela vida mais feliz. Porque não se fazem esses planos que proponho frequentemente, porque certamente está apaixonado por alguém ou, muito pior (para nós), está em uma relação feliz com alguém melhor que nós mesmos. Se o amor que sentimos é real, porque é, quando menos, é raro que nos apaixonemos justamente pela pessoa que não nos corresponde. Deveríamos pensar que o dia perfeito seria o dia o dia em que a pessoa que amamos possa ser feliz.

De ondem saem as fantasias, estas fantasias direcionadas, onde as pessoas por algum tipo de acidente vascular cerebral grave, estão com alguém, ou com muitas pessoas, ao invés de estar conosco. “Por que não nos escolhem?”, é um mistério que nos desvela, noite após noite e que não nos deixa dormir a sesta do sábado a tarde. Por que em algum ponto da nossa saída de sexta-feira, entre esse momento em que nós pregamos o primeiro ponto depois de sair do escritório e voltar para casa com a camisa sem gravata, cheirando a álcool e sem orgulho nos perguntamos por que não está aqui comigo?

A resposta, se pudéssemos alguma vez nos sorepor a nosso próprio derrame cerebral, é simples. É porque não quer, ou por um acaso existe algum tipo de força gravitacional que o impede? No caso do nosso “namorado” (o editor de texto não me deixa colocar mais aspas, mas mentalmente estou colocando mil aspas ao lado da palavra namorado) vive em Berlim oriental entre 1949 e 1990? Não. O que nos separa é a distância, não é a condição social e nem, sequer, a condição sexual. Sequer é algo, mas sim a ausência de algo. A inexistência de um sentimento por parte do outro. É difícil expressar que o que nos separa é justamente o nada, o vazio, a falta de uma coisa que jamais esteve, algo que não surgiu. Seria mais simples a vida se pertencêssemos a famílias rivais da máfia japonesa e nosso amor fosse impossível por esse motivo.

Falava com alguém que me disse “estou apaixonado” e me escreveu no MSN com sinais de admiração que eram como uns bonequinhos verde-maçã que sorriam e dançavam e lhe perguntei se era correspondido. Bem, ele não sabia. E eu o recordei de como era bom o amor antes e como é bom o amor neste momento, quando conhece alguém e está contente e sorridente e você fica nervoso quando ele está por perto. Neste momento, no princípio de tudo, onde o amor que sente é que te faz feliz e não depende de nada mais a não se de você mesmo. Teria que desfrutar mais isso e não se apressar em saber o quão mútuo é o Sentimento.

Imagino que a vida seria diferente sem amor. Pensaram muitos que do que venho falando uma vez ou outra é justamente sobre o que não encontro. Bem, releiam, porque eu encontrei o amor faz pouco tempo e ele me fez feliz por exatos 13 dias e logo foram só dessabores. Porém não me imagino nenhuma outra forma de viver, não sei quando será que me apaixonarei de novo. Não sei do que vou falar nesse momento.

No entanto, imagino que poderei dar conselhos. Vou poder dizer a meus amigos com o coração aos trapos que não tenham mais problemas, que tudo vai ficar bem. Vou poder exigir que sigam em frente, que se esqueçam do passado. Agora posso fazer isso.

Imagine o dia perfeito, que a felicidade é tangível, que a olhamos recostados e está conosco a pessoa que amamos. Imagine um passar de horas dos dias alegres porque à noite vamos poder estar juntos. Imagine que a comida é ótima, que as histórias são divertidas, que a manhã de domingo enquanto lê o jornal ele não fica de mau humor e é capaz de interpretar o horóscopo da revista “viva” de tal maneira que faz um prognóstico de amor e pássaros cantando por todo o resto da semana. Imagine um mundo sem guerras, imagine coisas boas. Imagine que entendem as canções de amor, o que quer dizer a lua com uma canção sobre paz.

Imagine o dia perfeito onde a paz que você sente é igual a paz mundial e ao céu. Imagine que o amor não dói, imagine um amor mútuo. Se pode ver um pouco mais adiante e refletir sobre seu próprio egoísmo, o melhor que poderá ver, e, talvez, com sorte, o vento a favor e depois de pisar na merda descalço se dá conta de que tem alguém que sente amor por você. E isto é a coisa mais otimista que posso dizer.

domingo, 2 de maio de 2010

Faltou dizer

Que gostei dso presentes que ganhei, meu cabelo mudou e que creme de cabelo tem diferenças!

Revolução Solar

Então tá. Primeiro post de maio e o tema mais óbvio: o meu aniversário do último 27. E como no ano passado ele é capaz de me fazer passar- a companhia do meu querido Osmar, obviamente - situações bizarras capazes de gerar textos estranhos, herméticos que daqui a algum tempo nem nós seremos capazes de entender o que está escrito. Acabei de lê-lo por cima e tive essa sensação. Parece mais texto do "A Vida Que Sonhei", meu blog de sonhos, tão bissexto quanto esse.

Quarta, dia de Marte saturnizado

Há na travessia uma sensação estranha. Aqueles dois praticamente jazem lá atrás, pernas espalhadas no banco da frente. Estão á vontade, como se fosse em casa. Mais na frente um cinquentão vacilante em suas mãos sobre a calça e na mão esquerda sente as contas do terço. Não sei se reza, mas à direita - dele e não do Pai- o que a mão toca é exatamente outra coisa.

Ao descer por pouco não pego o ônibus errado... "esse aqui é o Gávea" me diz o cobrador a tempo de esperar o próximo para o Leme, coisa que não demora muito. Coisa rara, aliás. De qualquer forma a viagem é tranquila, até a bexiga encher e me forçar a uma parada na casa dos tios, antes de seguir para Copacabana e sentir o toque da "Sistah" até o Aterro.

Quinta, Jupiter

Apesar do nome do deus nada é "agigantado" durante o dia, exceto pela saída noturna. Um casal óbvio - o coroa para para o menos coroa e mais bonito a creveja - o papo com o garçom de sempre, um casal jovem improvável MG-SP naquele local e um bonitão que entra e sai rapidamente para fazer-nos passar raiva na noite seguinte.

Sexta, tudo acontece até no caminho para a serra

Último dia para entregar a declaração do IR e depois de algumas conferências - e insistências - com o programa o troço flui. Momento de seguir para o centro da cidade, guardas municipais, uma tia parecida com minha mãe com lenço no cabelo - era entidade mandada, tenho certeza, porque eu não passei Monange na suvaqueira- e eis que descubro que Nova Friburgo e o atual desenvolvimento tecnológico dos celulares proporciona momento agradável e, por que não, improvável, para um certo alguém.

Sim, tem a Embaixada do país africano, as revistas de umbanda, consciência negra e turismo sobre a mesa e no meio da consulta a tecnologia avançada ainda dá seus sinais para as primeiras definições - ainda não concluídas- da situação anterior. Terno, gravata, cheques assinados e mais outro ônibus. Encaradas no caminho para pegar o ônibus em meio ao caos da cidade. Ao entrar o efeito de braços acontece enquanto alguém cisma em um chat num NEXTEL com internet e incessantemente conversa com uma certa Luciana Botelho. Venci a discrição, pois os desejos de olhar e de saber já nos acompanham desde a infância e no fim das contas valeu a pena o jogo de braços.

A sexta ainda prometia no mesmo local da noite anterior, com mais gente. Outra mão inquieta do coroa de gosto, talvez, superespecífico. Uma criatura com cara de polonês, uma versão jovem do Papa de outrora o que o fez ganhar o apelido de Wojtyła dançava do mesmo jeito a noite toda como um robozinho e ficava voyerusticamente acompanhando os beijos e sarros dos outros casais, inclusive um que se assemelhava a um dos vários desafetos de um amigo. Não teve jeito edada a demora do sósia ilustre em querer algo, tive que usar meu marte-urano no canto da parede com a velha conferência da mão em mim. Será que era para conferir o mito sobre negão?
E claro, tem aquele momento para passar raiva em que o belo da noite anterior cata uma das coisas mais feias ali...mas isso lá é regra e gordo bonito pegando feio é mais irritante que magro bonito fazendo o mesmo, foi a estranha conclusão do fim daquela noite.

Sábado

O telefonema que não chega. Celulares que não funcionam. Expectativas. 415. Tijuca. O desejo de fazer um Fla x Flu, sublimado depois da ideia do clássico entre os tricolores gaúcho e carioca. Livros e fotos. Conversas sobre a submissão do mesmo escravo do ano passado. Carros com placas da Região do Lagos em rua que me fez sentir no interior. O sinal estranho e instântaneo. Uma mulher com muitas crianças e uma barraqueira magrela com pinta de nega maluca do carnaval com seu sarará diz algo a alguém que desconheço. Lá atrás as belezas cuja diversão foi devidamente estragada. Bingo para o desejo de sempre detonar gorda que só quer saber de magro. É uma forma interessante de sadismo, definitivamente. E ainda o paraíba das madeiras que também fica em uma situação estranha, isso já depois da saída dos dois candidatos a amantes de 30 minutos.

Resta ainda descer e na esquina ver algo interessante e ter disposição para tomar uma cerveja e uma coca. Mas o algo interessante acaba ficando desinteressante frente a coroa tipicamente copacabanense - que agora tá de mudança definitiva para o Recreio- fala sobre seu cachorro, a vida em Copa, da filha (ou filho) travesti (foi isso mesmo que ouvir?) que viria da Suíça para o Brasil para trocar a prótese de silicone. Ficamos fãs da tiazinha!

Daí tem a noitada com tarot, precedida por um acidente doméstico no qual o anel insiste em ficar no dedo da bela moça prestes a desfilar sua beleza em uma fezta de 15 anos. Há também um velho de bengala que parece uma entidade a nos perseguir, pega o 434 e desce no mesmo local nosso, e uns lekes com pinta de "escola pública" que não parecem ser cariocas e um deles, para usar o termo cunhado pelo meu querido Bruno, era Rede Shop...se bem que pela pinta poderia aceitar até mesmo um ticket refeição ou um Riocard.

Estou estranho, reconheço e com sono, mas ficar na companhia de 4 cinquentonas divorciadas divetidíssimas falando de suas viagens, amores, desejos, sexo e tudo o mais pode ser sim uma experiência e tanto. Já ouviram falar que 50 é o novo 30? Daqui a 18 anos, quem sabe poderei dizer o mesmo.

Muitas cartas, revelações, gatos passeando sob meus pés e resta-nos Botafogo às escuras no caminho de volta e a recordação de um prédio, um castelo nos fundos onde mora um príncipe que virou sapo de uma hora para outra e por vontade própria. Creio que é filme segundo do Shrek. E depois de passar naqueles lugares supostamente indies em que todos tem a mesma cara e a mesma roupa, o alternativo são o que a sacola do mercado do paraíba no ponto esconde enquanto a sua van para o Vidigal impeça que saibamos mais. E vem uma negona bonita, vestida de forma vulgar como pede o seu ofício, uma diva daquela noite vem com um viado careca. Sim, é uma situação bizarra, mas o timbre da voz e o gesto sobre sua calça de ginástica não deixam margem para dúvida.

Então que venha o meu novo ano pessoal com todas essas bizarrices ainda sem respostas.