quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Mano Brown



Segunda-feira fui zapear a TV e parei na TV Cultura. Programa "Roda Viva" com Mano Brown dos Racionais MC. Minha informação sobre o rapaz era rala: só conheço "diário de um detento" - uma das letras mais fodas feitas nestas terras- o comentário do Juba por considerá-los inversamente racistas e machistas e a cara de mau do Mano.

Na referida "roda" estavam aqueles jornalistas chatos de revistas musicais igualmente chatas. Aliás concordo e estendo a opinião de Paulo Lins, autor de "Cidade de Deus", ao afirmar que crítica literária é a mais difícil porque a cinematográfica qualquer um faz. Eu diria que o mesmo serve para a musical, qualquer pessoa que mal usa a notocorda é capaz de fazer isso, difícil é achar alguém para fazê-las bem feito.

Aliás, Lins estava na platéia com uma Maria Rita Kehl, psicanalista e mais aquele tiozinho com o look 70's jornalista da Cultura Renato Lombardi...

Fazendo a linha Nelson Rubens "ok ok"...a entrevista poderia ter sido melhor, pois como o próprio Brown sugeriu, eles estavam com medo de partir pro ataque diante de tantas incoerências do rapper. Eis aqui alguns ponto da entrevista que me chamaram a atenção.

1) A compação entre comerciante e traficante. Por um lado diz que o traficante é só um comerciante e que os bandidos são os donos da 51 e da Ambev, mas que não são presos por não serem negros da periferia. Então, Mano, seriam duas punições diferentes ou uma só para os referidos "comerciantes"? Faltou provocação.

2) A pergunta da psicanalista sobre MST em que tanto ela quanto Brown pareciam estar perdidos no tempo e no espaço sobre o movimento. Ok, Mano não tem a obrigação de militar em prol do MST só por ser "rapper da periferia".

3) Gostei da firmeza dele em defender o Lula e o PT e até mesmo a ex-prefeita, agora ministra do "relaxa e goza", coisa que a classe "intelectual" escamoteia ou ataca a dita direita como forma de fugir do assunto. Sendo que no fundo ele tratou Lula como bandido, uma vez que ao afirmar que o presidente não entregaria os amigos, me lembra um membro de uma quadrilha que foi preso e que nao deve entregar seus companheiros de crime. De qualquer forma, Dona Marilena Chauí e cia deveriam aprender com ele.

Em meio a tantas contradiições que o próprio Mano assumiu em tê-las ao comentar sobre a Nike, por exemplo, o que o programa revelou, apesar de ter sido morno demais, foi o fato de que o líder dos Racionais mostou um lado humano muito interessante. Humano entenda-se como cheio de contradições, imperfeições e o mais importante, o fato do próprio não querer ser exemplo nem modelo de discurso para ninguém. Como o próprio afirmou sua arte não é para ser professoral, mas sim, companheira. Pontos para o rapper, zero para os jornalistas (e psicanalistas) bundões, mais preocupados com imagens, discursos prontos, camisetas do Tim Maia e piercings do que de fato colocar um pouco de "rock 'n roll" na entrevista com um ícone do rap nacional.

Para quem quiser conferí-la na íntegra, clique aqui.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Menina pastora e existencialismo made in Gloria

Acabei de ver e ouvir o tal funk da Menina Pastora. Sinceramente, não entendi essa celeuma toda em cima do video. É engraçadinho, mas não é "oh" lá essas coisas. Será que estou ficando velho e chato?

O video de Cris Nicolotti com seu famoso "vai tomar no cu" é deveras mais interessante apesar de ter perdido a graça por conta do tempo. O mesmo vai acontecer com o funk da menina e tantas bobagens do you tube que irão aparecer, se é que o you tube também não vai sumir na fumaça. Só não sei daqui a quantos segundos.

Cultura chiclete, mascamos o doce, percebemos depois a borracha que é e jogamos fora. Tudo é pra ontem, rápido, acelerado como esses sucessos dentro e fora da internet. A fama dura menos de 15 minutos. Claro, o gozo não é etermo. Melhor mesmo se jogar na rapidez das coisas e do próprio gozo e evitar ao máximo, nesse mundo hedonista, a chegada do desprazer. Por isso o ecstasy é a droga-metáfora perfeita dos tempos atuais. E na falta dela, vamos todos esperar pelo próximo link nessa nossa eterna (e ridícula) maneira de disfarçar ou escamotear a maior certeza de todas: a morte.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Viés

O tempo entre o último post e esse pode ser caracterizado sob vários pontos de vista. Pode ser do ponto de mais uma viagem para Sampa que foi maravilhosa em outros tantos pontos de vista – sim, isso está virando um hipertexto – no qual não só foi legal pelo lado afetivo-sexual, mas também uma fase intensa de separar o joio do trigo. De desfazer alguns mitos do passado – talvez tenha sido essa a maior e melhor contribuição desta viagem e bem como poder estar ao lado de quem vale a pena de verdade, no quesito amizades. Aliás sobre isso eu recomendo uma olhada no texto do blog do Juba, que sintetiza essa idéia da frase anterior.

Pode ser do ponto de vista de alguém— eu no caso – que gosta de se colocar no alto de um pedestal no qual observo tudo e a todos e digo coisas, palpito, etc. Claro que faço isso quando a pessoa me pede para fazer isso. E daí neste mesmo pedestal odeio quando “simples mortais” vêm querendo saber detalhes da minha vida ou dar palpites sobre certo ou errado quando eu não pedi consulta ou algo do tipo para tanto. Diz um amigo meu que é coisa da lua em capricórnio. Pode ser, mas é fato que isso incomoda.

Outro viés- psicólogos amam essa palavra – pode ser pela novela da Record que é simplesmente bizarra. Bizarra porque foi capaz de reunir gente foda das artes cênicas como Walmor Chagas e Ítala Nandi e colocar no mesmo elenco a Karina Bacchi e a Preta Gil e, pasmem, uma novela que fala de “mutantes” com poderes especiais. Juro que eu morro de vergonha pelo autor desse troço tão absurdo que nem a Gloria Perez teria coragem de escrever. E a vergonha maior fica pelo ex-paquito Cláudio Meyer (eu não uso o outro sobrenome dele mais conhecido porque é complicado para digitar) fazendo papel de bicha afetada tendo como trilha sonora “Robocop Gay” dos Mamonas Assassinas.

Tem também aquele senado daquele país que absolveu aquele senador – que era amicíssimo daquele presidente “Impichado”- que está envolvido naquele esquema de corrupção. E neste mesmo país, em vésperas do 11 de setembro, tem se um “atentado” no trem que levava dois ministros de baixo escalão. Nossa, até pra atentado esse país anda fraco. Bin Laden por aqui, só em máscara de carnaval na cara de um folião bêbado.

E o clima seco, sim, também tem ele entrando pelas narinas. E tento achar ainda um fio, uma nesga de coragem para tomar uma decisão que há muito tempo já deveria ter feito...enfim, coisas da vida. Pelo menos as fotos que pululam no “batch” do flickr dão uma idéia de como eu estava, pelo menos, visualmente.

Sem mais por enquanto...

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Bobagens no Bom Dia Brasil

1) A piada da CPMF...a contribuição supostamente provisória e que pelo jeito será permanente. Parece os remendos que meu pai faz em casa e irritam minha mãe no estilo "já consertei a tomada, mas o que tá lá é provisório, enquanto não compro uma nova". Assim é o governo. A piada aumenta quando os políticos ligados ao atual governo defendem a contribuição - os mesmos que a pichavam antes de 2003 - e a dita "oposição" reclama da tal contribuição, eles que antes de 2003 a achavam fundamental para a saúde. Isso é política, isso é Brasil. Pra arrematar a dona Miriam "Porcão" faz uma defesa cínica do antigo governo ao afirmar que a manutenção da mesma era fundamental para as crises econômicas que o governo de outrora passou. No final das contas quem paga a conta disso tudo é o cidadão brasileiro que continua com péssimos serviços de saúde pública, vide o caos noticiado sobre os hospitais nordestinos.

2) Renato Machado, aquele moço que não sabe se é jornalista ou dono de restaurante. Pois é. Hoje em matéria sobre a comida mineira - a minha preferida e da maioria de muitos brasileiros- o sr Machado dá uma "aula de história" ao afirmar que a comida mineira é a mais "brasileira" pelo fato de ter sofrido pouca influência dos imigrantes e que foi uma culinária construída "no Brasil". O que eu acho engraçado é que vivemos em um país em que - excetuando-se a contribuição indígena- tudo é importado, seja o que veio de Portugal, dos escravos africanos - decisivos nessa referida culinária - ou mais tarde, no século XIX dos imigrantes de outras partes do mundo. Essa busca por uma suposta "autenticidade" é algo que enche o saco certas vezes. Até porque não só no Brasil mas, muitas culturas, se fizer uma investigação histórica cuidadosa, recebeu em sua origem influência de outras culturas...o mundo gira, não é algo estático. E este planeta tem uma espécie que resolveu povoar e andar por praticamente toda sua superfície dando um caráter dinâmico ao que chamamos de civilização. E esta é a mesma espécia é capaz de emporcalhar o planeta ou dizer bobagens matinais. Ou escrever um post idiota em um blog pouco lido.