sábado, 29 de outubro de 2011

Misericórdia


Corro o risco de ser repetitivo. Pelo estilo, pelo local, pela companhia e a igualdade por coisas fora da lógica que acontecem. No entanto, esses passeios sempre implicam em algo diferente.

Pode ser pelos carros de polícia parado em frente, civil e militar. A curiosidade em saber o que aconteceu no prédio em frente. Os porteiros nao sabem o que acontece, mas o carro da Defesa Civil dizendo "remoção de cadáver" e o choro da mulher em frente esclarecem parcialmente a questão e traz nova dúvida: homicídio ou suicído.

A trava da janela em frente reaparece e fala pelo celular com os amigos em frente e a questão das janelas finalmente se esclarecem pela curiosidade. É hora de ir para a praia.

Lá, há um casal que não se identifica a natureza de gêneros. Em vão ele tenta penetrá-la e resta-lhe então uma punheta. E longe em meio às barracas surgem dois seres vagando pelas areias. O que eles fazem? Andam a uma distância segura um do outro e procuram algo na areia que desconheço. E andam catando algo. Hora de voltar, assim como o casal que deu uma escapadinha no local engradado.

Duas ursas passam e ao nos ver andam em direção à areia. Andam em direção ao mar enquanto sentamos e conversamos e vemos o gestos dois dois estranhos andantes ainda a procurar algo que desconhecemos.

De volta a areia os passantes são passado e longe vão as ursas em marcha muito rápida. A moça está na fase do sexo oral, que a penetração pelo jeito estava difícil. Hora de voltar para a calçada.

Taxis, putas, ponto de ônibus, evangélicos, garrafa de uísque quebrada na esquina, mais taxis e um andar por ruas mais tranquilas. Mais taxis, cigarro que se perde enquanto paramos para jogar conversa fora. Balconistas da madrugada, afagos de amigos depois da enésima cerveja, um coroa que sai do taxi em busca de cigarro e um belo rapaz resolve pegar um carro.

Ao atravessar ela grita "me espera, Aline!", que mais ousada atravessou em frente aos carros sem medo.

Um taxista pergunta se queremos ir. Dizemos não enquanto o homem na porta do puteiro cisma em achar que somos clientes em potencial. Uns cigarros a mais na esquina e paramos mais a frente.

É quando uma figura maltrapilha um tanto suja pergunta se há ônibus para São Conrado. É dito a ele que não, mas ainda há o transporte alternativo. Então ele diz algo sobre Gadernal e remédios e arremata "eu vou lá pra São Conrado cheirar um pó do bom, que está melhor ainda que o pó de Itaguaí, Misericórdia". Ele recolhe suas coisas no chão, pergunta se estávamos indo pra casa e, entre as coisas que recolhe, um exemplar da Bíblia. "Vai na paz", como dizem os evangélicos é a saudação final.

Voltamos para a outra esquina. Um belíssimo taxista está no seu carro. Ficamos na dúvida sobre que movimento ele faz com seu corpo no carro. Ele sai para buscar um lanche no fornalha, e enquanto isso vários traseuntes, incluindo uma mulher baixa de casaco preto que murmura algo incompreensível e duas bichas visivelmente casal, com pinta de turistas latino americanos, entram no puteiro.

O taxita volta para seu carro antigo e bem cuidado. Não pertence à nenhuma cooperativa, não tem número e resta-lhe aproveitar o lanche a após isso conversar com seus outros amigos na esquina. Hora de voltar dando a volta no quarteirão.

Os mesmos no bar da esquina, incluindo um jovem com um velho feio e, mais adiante, com o porteiro do puteiro convidando-nos a entrar de novo, sai um nerd estranhamente bonito. E mais à frente dois bêbados passam cantando um samba-enredo que enaltecem algum time. "Eles vão entrar no puteiro e vão ser expulsos". De fato isso acontece, só que não deu tempo de saber como seria a provável expulsão já que era hora de voltarmos e tirar a areia sobre os pés.

Goiânia





"Meu Destino.

Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.

Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.

Não te procurei, não me procurastes –
íamos sozinhos por estradas diferentes.

Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida...

Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.

Esse dia foi marcado
com a pedra branca da cabeça de um peixe.

E, desde então, caminhamos
juntos pela vida..."
(Cora Coralina)


I.

- Veja como o dia está hoje!
- Tem uma névoa forte, não vai dar praia. Diz-me agora se sabe bem prever o tempo...
- Não sei. Ainda são seis da manhã, e ainda pode mudar. Esse mês é assim.
- Imagino, por isso queria estar em Góias.
- Por que? Lá não tem praia...
- De mar. Mas lá eu sei que o tempo está seco. É assim, tempo de chuva, tempo de seca.
- E quem te garante que lá está seco? Estamos no fim de outubro e as chuvas já vão começar.
- Sim, mas gosto do padrão. Não tem erros...
- Não é bem assim... eu gosto do movimento, como essa névoa.
- Ela está parada e não deixa ver absolutamente nada, nem a praia da janela.
- Não está e lembre-se de que no movimento as coisas podem se revelar.
- Quem disse isso? Newton?
- Eu, agora...

II

- A areia está quente demais, vamos parar aqui?
- Não, vamos na direção da bandeira, se algo no caminho interessar a gente para e dá uma olhada. Tudo está muito bom hoje aqui.

III.

- Viu?
- O que?
- Ali, o falso magro, ou falso gordo.
- Ah sim! Gostei.
- Ficamos aqui?
- Agora

IV.

- Está vendo, até o mar muda seus movimentos.
- Estou vendo os movimentos dele. Todos, até o sorriso.
- É lindo, está descarado.
- É pra gente, com certeza

V.

- O mar está bravo hoje, não rapazes?
- Sim, você viu? Tivemos que pegar tudo correndo e mesmo assim o mar molhou as toalhas.
- É verdade.
- E você é daqui, ou de outro lugar?
- Sou de Goiânia, mas moro aqui no Rio há 1 ano já.

VI.

- E ele?
- O goiano? Saiu, mas deve ter pedido a conta ou pegar umas cervejas na barraca.

VIII

- Voltou.
- E está fazendo exatamente os mesmos movimentos, iguais, regulares como o clima de lá.
- Hora seco, hora frio?
- Isso, talvez espere nossa mudança de movimento.
- Então deveria ter conversado mais.

IX
- Olhou para elas, é isso?
- Sim, ele fez isso perto da água também. Mas só para manter as aparencias.
- Os movimentos para deixar tudo como está.
- Ou nao, a sunga, tá diferente agora.
- Sim, o movimento que ele faz é revelador.
- O que cobre, agora, revela, entendeu agora a névoa?

X

- Olhe, a névoa voltou e cobre o hotel.
- E o goiano, já foi.
- Vamos também? Não tem mais sol.
- Quem sabe encontramos o outro, o de vermelho lá perto do quiosque?
- Ou o goiano poderia ter demorado mais.
- Encontramos ele de madrugada, pode apostar.
- Como voce sabe que ele mora aqui.
- Pelo que ele me disse...
- Bem, faz sentido. Ele trouxe pouca coisa pra praia. Deve morar por aqui perto.

XI

- Viu, ali na moto?
- Vi e vai passar perto da gente.
- Mas ali vem outro. É bonito, mas fala alto, grita. Muito favelado pro meu gosto.


XII

- Tem aquele jornal ai?
- Que jornal? Acho que não existe.
- Quero o outro, o da fofoca sobre espíritos...
- Esse já esgotou.

XIII

- Vai entrar na casa azul.
- Tem todo o jeito, mas repare ele quebra o movimento.
- Para disfarçar..veja!
- Entrou!
- Vamos sair. Até porque pior que verem a gente entrando lá é ficarmos aqui fora. Não somos como aquele rapaz de Estocolmo, que tem essa coragem.

XIV

- Olhe pelas janelas, é um boquete.
- É e tem uma cortina marrom atrapalhando tudo. Mas como você perecebeu?
- Pelo movimento. E veja, as mãos limpam a boca.
- Engoliu?
- Tenho certeza. E não adiantou a cortina querer esconder que vimos. Estou há dois meses querendo saber o que acontece ali e hoje tive certeza.
- Mas não é lindo vê-los se beijando, se acariciando, é tão romântico?  Tal como os dois na banca
- Você para de pensar nisso. Quero ver sexo e você pensando nessas coisas. Vamos mudar o pensamento.
- Tá, olhemos para a janela de baixo que algo acontece ali.
- Viu, a mão toca o outro..
- Sim, os movimentos mudam.
- Como há de mudar o tempo em Goiânia, em Goiás a gente não sabe.
- Vamos então esperar a madrugada e quem sabe não cruzamos com novas emoções.

XV

- Goiania não tem mar, mas tem movimento.
- Ainda bem, para a nossa alegria. Mas o que mais se revela?
- A névoa...que já foi embora. Agora uma lua sorri para a gente.
- Como o goiano, na praia.
- Por isso gosto de estar com você. Você me põe em movimento e assim as coisas se revelam.
- E melhor, quando elas querem se esconder. Esse é o lado interessante da coisa.

Da Trip de Outubro

A revista Trip desse mês tem essa capa ai do lado. Pode parecer bobo, ou lugar comum, dois homens se beijando. Mas como me disse o Matias em uma conversa, o que pode parecer natural para uns, parece estranho para outros. Parece tese sobre a teoria das Representações Sociais, mas na verdade é algo que o senso comum pode observar.

Ontem mesmo, voltávamos eu e Osmar da Cinelândia. Antes de tomarmos a condução, paramos na banca. Ele para comprar cigarros e eu aproveitei para procurar a revista. Não foi surpresa minha ver que esta eduição da trip estava escondida atrás de outras.

Agora explicando para quem não conhece o Ridejanero: a Cinelândia, a.k.a, Praça Marechal Floriano, está situada no coração da capital Fluminense. Na região tem-se o Teatro Municipal, a Biblioteca Nacional, prédios comerciais, o cine Odeon - mantido pela Petrobrás tem um ar "cult"- e é ponto de prostituição masculina.

No Odeon era dia da mostra LGBT. Na praça, vários michês a oferecer seus serviços. E não é estranho ver revistas como G Magazine à mostra nas bancas.

O interessante é que o beijo é mais chocante. Por uma visão romântica - aliás me lembrei do epíteto "prostitutas não beijam" - o beijo sela algo mais, o amor. Leituras antropopsicológicas que li, diz que o beijo rompe as barreiras do ativo/passivo, pois a entrada e saída das línguas são mútuas. E por mais bobo que possa parecer, ainda assim, tem certa iconoclastia nele.

O Hebert Daniel dizia em uma reportagem da Manchete antiga feita no Aterro do Flamengo que aquele local de pegação era na verdade um grande teatro de pessoas que escondiam os seus desejos. Antes do encontro com o Osmar, com um amigo que vivencia a sua sexualidade na maior parte das vezes desse jeito e compartilha da ideia do "esse beijo pode chocar as pessoas" ou tem hábito de recriminar moças que andam com short curto demais, dado o ranço religioso que ainda carrega. E naquele mesmo dia tinha feito um "atendimento" no banheiro de uma loja ali próxima.

Usando a clássica frase de Caetano que diz " a gente não sabe o lugar certo onde coloca o desejo", digo que isso se reflete no que vi nessa última sexta. Tentamos colocar ou na pegação, ou no discurso moralista - é legal reprimir nos outros o que não gostamos na gente, não é mesmo? - ou escondemos a revista. Só pela capa, valeu Trip, por pelo menos mexer em parte com esses desejos que tentamos colocar no fundo de uma banca de jornal.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Televisão (ainda) comanda a nação

Neste papo todo sobre a suspensão de Rafinha Bastos do CQC o que me vem à mente é outra coisa. Não apenas a discussão dos "limites do humor" ou algo que o valha, mas de uma coisa muito mais antiga, talvez de 60 anos de idade: o poder da televisão.

Creio que já liquididifiquei alguma vez uma referência sobre a música do Daft Punk chamada "Television Rules the Nation". Em plena euforia e hypes em torno da internet achei o título defasado. Engano meu. O caso Rafinha prova que a ideia do duo francês procede.

A televisão, por mais que se fale da diminuição da audiência com o advento da internet e sua popularização ainda tem o seu poder. Não estudei comunicação social, mas é fato que  muitos dos chamados webhits e downloads de conteúdos via web são, justamente, produtos feitos pela e para televisão.

Rafinha tem seus seguidores no twitter e afins e ganhou o tal título de "personalidade influente". Nessas redes já falou muita bobagem, mas nenhuma que lhe valesse uma suspensão. Acontece que internet é veículo (com ressalvas) selecionados por quem navega. TV é um tiro no escuro e vai para a grande massa. Em programa ao vivo, o risco aumenta exponencialmente.

Quando li a entrevista deste rapaz na Rolling Stones, pensei "esse cara ainda não sacou que a televisão pode colocá-lo no céu ou no inferno". E basta seguir o encadeamento: zoar a Wanessa, que é mulher do Buaiz que é sócio do Ronaldo que mesmo gordo e fora de atividade é uma marca poderosíssima. Bastou um piti do "fenômeno" em não aparecer em programas da Band que a pressão de Jonny Saad deve ter subido a 30 por 19. E daí para suspensão foi um pulo e um grito.

Ano que vem faz 20 anos do impeachment de Collor. Um presidente cuja eleição teve papel decisivo da mídia assim como a sua saída. E esse poder ainda é atual.

E são justamente os anunciantes que contam. Não adianta bancar o "enfant terrible" a esmo se tem um conglomerado de empresas pagando o seu salário e com interesses mercadológicos. Quer ser subversivo, siga o conselho de Flora de "A Favorita": ironia é pra gente engraçada e inteligente. Faltou isso ao Rafinha. É como diz um amigo meu, cuidado ao cair nos extremos, porque senão você pula para o outro como a cobra que morde o próprio rabo. Rafinha mordeu a sua ao querer ser "maldito" e caiu na inocência de achar que era maior que essa caixa quadrada cheia de assombrações, como seu colega de bancada, Marcelo Tas - esse profundo conhecedor de mídia que não deu um toque pro amigo - costuma se referir à TV.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A impossibilidade do sexo como uma possibilidade do amor

Esse título meu parece um  livro de auto-ajuda ou uma palestra pseudo- profunda.
Mas são reflexões que me trazem a viagem noturna pela Serra do Matogrosso. Me vem essas coisas na cabeça, a sensação de sono, o relaxamento faz o cérebro ter devaneios e se livrar de certas amarras. Somado a um papo animado da semana passada que ganha contornos concretos, como essa estátua de Rodin.

Certa vem Alguém me disse que eu só pensava em sexo. Aliás é tema recorrente neste blog, percebi isso. Enfim, discuti isso com alguém que me falava sobre como devo me aproximar não de uma maneira claramente sexual, mas amorosa, de quem cuida e tudo mais e que isso me traria resultados surpreendentes.

Parei para pensar um pouco nisso e vi que faz sentdo. O que falta agora é sair dos contornos e isso virar um fato concreto e real diante da "parede". Ou seja, fazer daquela situação onde o sexo me parece falsamente impossível para uma demonstração de amor real.

Drummondiando

É de Drummond o poema-pílula:

stop
a vida parou
ou foi o automóvel?





Em momentos de poucas horas de sono e glicemia baixa, as palavras de Drummond fazem todo sentido. Apesar de concordar com ele que o poema não é relato do que você sente.

Por que não dá pra ser nerd?

Ser nerd inclui GASTOS. Fazendo parte do proletariado. Aí estuda-se psicologia com forte enfoque social influenciado pela teologia da libertação (quando se é pobre é mais fácil) e daí vira um pseudo-intelectual cheio de ideias filosóficas e discussões liquididificadas.




Ou isso ou tornar-me-ia um nerd da laje, o que a Odete Roitman oculta em mim não acharia  legal.

domingo, 2 de outubro de 2011

No leste, a razão

Sinceramente eu mesmo estava achando engraçado, senão ridículo, os meus textos sobre o que chamei de "quatro pontos cardeais do desejo" ou algo assim. Pareceu auto-ajuda barata e na minha cabeça vieram  vários professores me dizendo: mas tá, Odilon, qual o seu referencial teórico? O que você quer dizer com isso? Como você define desejo?

Essas perguntas e a excessiva auto-crítica se relacionam com o que resolvi colocar a leste nessa minha construção por vezes pueril mais prática: a razão.

Se a ideia de "norte do desejo" surgiu com uma conversa espontânea com um amigo, pensar sobre a razão (redundante, eu?) também surgiu de forma semelhante com várias conversas com diferentes amigos. Uma delas merece ser contextualizada.

O Osmar e o Matias me apontavam como uma certa criatura por quem me apaixonei nada tinha a ver comigo. "Di, ele é burrinho, não combina com você" "Você merece arrumar alguém mais compatível". Ok, muitos vão bradar, chamá-los de preconceituosos ou algo do tipo, mas afirmar que isso é hipocrisia e, ao mesmo tempo, falta de sensibilidade. No século XXI onde mal podemos separar razão e emoção (lá no "sul" do desejo) isso merece uma análise mais detalhadas.

Há a frase que "o coração tem razões que a razão desconhece". Pensamos logo nas emoções, mas vale pensar na razão, a razão como escolha. Algo que não é dado espontaneamente de um mundo perfeito, mas como criação humana.

Não é por acaso que em alguns momentos da história quando se há uma valorização da razão há de se valorizar o que é humano. Na Grécia Antiga, com seus deuses longe da perfeição judaico-cristã - ok, eles obedeciam ao ideal de beleza física em alguns casos - o aparecimento da filosofia significou uma ruptura com o pensamento mágico-religioso. A Renascença ao valorizar o que é humano abriu caminho para a ciência moderna ao tirar Deus do centro do universo culminando no Iluminismo, o século das luzes. Luz como sinônimo de razão.

O aparecimento do sol a leste, ao acordarmos, se assemelha com o nosso nascer. Ao longo do tempo vamos recebendo uma série de informações e trabalhando com elas (seria inteligência, isso?), confrontando-as com nós mesmos e com o mundo. A razão é construída e, obviamente, está de acordo com nossos desejos, sentimentos, intuição e tantas outras coisas.

E quando nos encontramos com o ser amado lidamos com ela, inevitavelmente. A comunicação, que tem seus componentes emocionais e ser uma forma de exercermos poder, tem essa ligação com o racional. Pela razão vamos dando forma ao que pensamos e sentimos. Trocamos ideias, experiências. Muitas vezes procuramos alguém que pense como a gente, outras, pessoas que possam pensar de uma maneira diferente. No meu caso específico, gosto muito da novidade, uma novidade que quebre a mesmice. Algo que o "burrinho" do começo desse texto não poderia oferecer.

Nesse sentido a argumentação dos meus amigos articulam o racional com o emocional. Se essas duas podem ser fontes de preconceito, no caso deles foi uma forma de compreender o desejo. Até porque o amor não é simplesmente a cama, o desejo sexual (como menciono no "norte do desejo") ou o que sentimos, as nossas emoções (o "sul" do desejo). A razão nos articula com o dia a dia, coma convivência, ela pede troca e se articula com o que queremos. E esse meu querer, compreenderam bem meus amigos, não era possível com aquele ser humano. Por amor, eles compreenderam o que minha razão quis escamotear por outras idealizações e fugas que não vem ao caso agora. De alguma forma, a minha razão que eu procurei por momentos desconhecê-las, comunicou o meu desejo. Eles estavam ali, a leste, onde o sol nasce, onde a luz começa.

A foto que ilustra esse post não é à toa. Já definiram a fotografia como a arte da luz, e quando o sol está lá a leste no comecinho de uma manhã sem nuvens tem-se uma luz maravilhosa. E, por mais que a fotografia possa parecer à primeira vista, algo frio - um dos componentes da máquina fotográfica é a "objetiva" - na verdade ela faz o oposto. Com a razão defini o enquadramento e em meio a linhas geométricas do prédio defini o que eu queria de acordo com o meu gosto. Não é à toa que minha professora de filosofia disse, para espanto de todos, que triângulos não existem, mas objetos com essa forma. Uma representação. Razão representa bem o que desejamos e selecionamos para quem estará do nosso lado.








Post aleatório

Para saber se as alterações feitas nesta bagaça realmente funcionamm

O Enclave


É um lugar assim, espremido em um outro lugar que também é pequeno. E aí no meio disso tudo encontramos uma diversidade e várias teorias que temos sobre muitas coisas são revistas e ampliadas.

Tudo aqui entra em grau superlativo. Engraçado esse paradoxo interessante onde o ambiente de outrora parecia maior e agora ele reduz. E em meio a isso as possibilidades aumentam para todos os gostos.

Basta ir à praia para dar uma volta e conferir tudo isso em diversas matizes. Pode ser na drogaria da esquina, na casa que vende salgados, no supermercado, a banca de jornal...não importa! Aqui há várias possibilidades, como o som que toca pagode, rock around the clock e termina, no momento em que digito, com o clássico "Explode Coração" do Salgueiro. Há coisas a explodirem - em sentido muito figurado, ainda mais em uma cidade onde os bueiros são um risco - nestas novas terras.

Se no caminho para cá fui reconhecido por "irmandade" em um escort vermelho na estrada, aqui o reconhecimento acontece com quem estava comigo o tempo todo nesta jornada. E após isso, como sempre, "redes shop" a nossa volta com o clássico ponto de interesse geográfico e a discussão sobre um possível presente de aniversário.

Diminuímos o posto, aumentamos as delícias, incluindo um estranho e lerdo Odilon às voltas com responsabilidades que impede de ver coisas interessantes às voltas em um cyber café. E isso no plano real.