domingo, 22 de dezembro de 2019

Dois amigos ou sobre o fluxo das coisas

Duas conversas, com dois amigos em situações e sobre  temas diferentes me chamaram a atenção essa semana. Na primeira, um amigo comentava sobre conhecer alguém legal, querer sair para beber, rir, falar bobagem e a tal pessoa depois dá pra trás. Na segunda, o outro amigo me falava, entre muitas coisas, da sua dificuldade de estabelecer uma rotina de disciplina e organização para estudar e no quanto isso o levava a uma forte procrastinação.

O primeiro amigo me disse uma coisa bem interessante sobre sua reação diante dessas ausências: simplesmente não ligar, deixar rolar e ficar de boa quando algo inicialmente desejado não acontece. Isso me atingiu em cheio, pois tem a ver com meu atual momento em que desejo ser menos obsessivo com uma série de coisas e deixá-las seguirem o seu fluxo. Já escrevi justamente sobre o “voo de planador”, que é uma metáfora que exemplifica bem esse meu desejo de mudança.

Esse ano a ansiedade me atingiu em cheio e uma dos efeitos que eu percebi foi o medo de temporais em casa, coisa que nunca me amedrontou até esse ano. Diante disso, meu namorado me diz “Se acalme, porque a chuva vem e ela vai embora, esse é o fluxo da natureza”. Daí me dei conta de que parte desse medo tem a ver com uma necessidade de controlar algo que eu não posso e isso deve estar na raiz da ansiedade. A água, o planador e as pessoas precisam seguir o seu fluxo e este é indiferente àquilo que eu desejo.

E voltando ao segundo amigo, me lembrei da nossa troca de vídeos e sites que falam sobre organização, controle e tudo o mais. Métodos como o bullet journal (que eu mal usei esse ano como queria), o pomodoro (esse com ótimo efeito) entre outros macetes para rendimento do tempo. Ainda assim ele me diz ter dificuldade de colocar esses mecanismos de controle e rendimento do tempo a seu favor.

O que tenho aprendido comigo mesmo é que é interessante buscar ferramentas que facilitem a organização e planejamento das coisas. Porém, um fluxo livre de consciência é necessário para entender qual é a minha real necessidade e, a partir daí, poder elaborar uma forma de trabalhar com elas de uma forma que seja interessante pra mim, sem ter que recorrer a fórmulas prontas na internet que, quando não cumpridas, gera mais ansiedade e insatisfação. O exercício de consciência é, de certa forma, o deixar rolar que o primeiro amigo disse e que pode ser interessante para mim e pro segundo amigo seguirmos com nossos planos com mais tranquilidade. Seja para estudar, encontrar alguém ou lidar com a tempestade.