quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Capitu

Vi o primeiro capítulo...quem lê esse blog sabe o quanto espraguejei, mas deixe-me tentar ser minimamente razoável. Luis Fernando Carvalho quis bancar o moderno, com figurinos, trem da Central, Michel Melamed e musiquinha de sonoridade indie...mas ficou só nisso, já que ele optou por uma narrativa conservadora, para não correr o risco de criar uma obra sem nexo e assim preservou a genialidade de Machado. O figurino e cenários são excelentes e algumas atuações também, mas senti que foi dado pouco espaço para os atores em uma edição em ritmo de videoclipe - talvez para ser similar aos curtos capítulos típicos de Machado - mas sem grande criações. Uma pretensão ousada que no fim se fechou no próprio texto. O bom disso é que dá uma vontade danada de reler o romance.

Patrícia Kogut, que é da casa publicou um texto que vale uma conferida:

Desde que Luiz Fernando Carvalho anunciou que iria adaptar “Dom Casmurro”, a maior dúvida era saber como ele conseguiria transpor para a tela aquilo que faz o romance ser genial: Machado de Assis construiu uma história toda calcada na subjetividade de seu protagonista-narrador. Tudo o que o leitor lê — a história de vida de Bentinho, sua infância, seu amor por Capitu, o caráter de Capitu, sua amizade com Escobar e, principalmente, a suposta traição de Capitu com Escobar — é contado por um narrador interessado, o próprio Bentinho. É tudo verdade, mais ou menos verdade, ou uma distorção da imaginação? A genialidade do romance está na impossibilidade de responder a essas perguntas. Outras adaptações fracassaram justamente aí, tornando objetivo o que era só subjetividade.


Na série “Capitu”, esse problema sequer se coloca: Luiz Fernando utilizou o narrador da maneira clássica e literária, como no livro. Funcionou? Sim, mas resta saber se foi uma saída criativa. Bentinho maduro (Michel Melamed) relata a ação. Mas a “arqueologia psicológica”, a busca por camadas passadas, os tropeços da memória, tudo isso ficou relegado ao tratamento plástico. Interpretações exageradas, talvez inspiradas no expressionismo alemão, escantearam a delicadeza e o fino humor que caracterizam a obra de Machado. O que no livro é sutileza, na TV ganhou ares de caricatura.


Merecem destaque, porém, o trabalho de Letícia Persiles (a jovem Capitu), que se impõe na cena com talento impressionante, e a D. Glória de Eliane Giardini. Outro ponto alto foi a $üência em que Capitu e o jovem Bentinho (César Cardadeiro) usaram giz para se movimentar no cenário. Foi uma das cenas mais lindas já vistas na TV brasileira. Um ponto de delicadeza em meio a opções cênicas que apostaram em exageros e excessos, sem que esses excessos tivessem uma justificativa estética clara. Em uma palavra: pareceram gratuitos, às vezes prejudicando o entendimento. Luiz Fernando é, com certeza, um dos mais autorais diretores de TV no Brasil. “Capitu” é ousado como prometia, mas a ousadia nem sempre é sinônimo de encantamento artístico. E não há dúvidas de que a série oferece um banquete para os olhos, mesmo vazio de sentido às vezes. E, se não reconstrói Machado de Assis para a TV, como a trajetória de Luiz Fernando levava a crer, também não destrói a obra dele.

Odete me entende


Da série coisas que odeio:

1) Convergência Digital +
2) Facilidade de crédito das Casas Bahia, Casa&Video, Ponto Frio e afins na compra de celulares +
3) Inclusão Digital


Some esses 3 fatores e a sua tranqüilidade na vizinhança ou na hora de tomar o ônibus. Some isso ao grande hit carioca/fluminense que é o funk.

Odete, te amo!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

If you see someone gorgeous then you think...

Então decidi sair do casulo e cair na noite...daí a eterna lei do retorno escroto diz: aquele cara que você tá de olho não vai ter querer porque ele quer alguém feio - não sou lá modelo de beleza, mas reconheço esse fato.

Batata! Aconteceu exatamente isso.

Pelo menos valeu a pena ver um povo bonito, de todos os tipo, o que o ecletismo liquididificado agradece. E juro que em 2009 serei menos taurino nessa área e colocarei a vênus geminiana para trabalhar bem.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Rapidamente

Para desopilar o fígado:

1) Michel Melamed + Luis Fernando Carvalho + Seriado de fim de ano da Globo + Machado de Assim encenado = pretensão + um troço mais chato que filme de diretor iraniano com atores do Quirguistão feito sob os preceitos do Dogma dinamarquês.

2) Flora é a maior vilã de todos os tempos. Esqueçamos Maria de Fátima, Odete Roitiman, Nazaré, Laura e todas elas sempre com "charme, humor, maquiagem" e consequentemente, divas gay. Flora não tem nada disso...por isso ela é a melhor.

3) Silverinha é o melhor vilão!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Lições de Vida

1) Se uma pessoa se acha "liberal" demais, fique atento, para ela ir para o outro extremo é fácil. A anarquia é co-irmã da ditadura, disse-me um mestre certa vez.

2) Cuidado com as leis que você cria para si mesmo, pois é fácil você ser julgado por elas e justamente no momento em que você a quebrar. Adote a incoerência que faz parte do humano.

Pronto...essa auto-ajuda é para mim mesmo. Se te interessou, ótimo. Caso contrário, não me importo.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Yes, eles têm Obama




Rapidamente, sobre a vitória de Obama:
A vitória do candidato republicano pode sim, significar uma grande mudança. Pra quem sabe, com um negro ocupando a presidência do Império quebre com duas visões: a primeira, racista, que julgaria um negro ser incapaz para o cargo. A segunda, politicamente correta, que reitera o tempo todo a origem étnica de Obama, mas de certa forma reiterando o mito do "bom selvagem" esquecendo-se de avaliar as suas qualidades e defeitos. A verdadeira inclusão - não importa em que nível se dê- só se dará quando essas duas visões forem quebradas, e assim, as pessoas forem analisadas e criticadas - em suas qualidades e defeitos- pelo papel que desempenha. Aos brancos isso já foi feito. Falta agora a nós darmos a cara para bater e assumir o que de fato significa esse termo tal procalmado (e criticad0) "direitos humanos": não é para passar a mão na cabeça de ninguém, mas avaliar de forma correta o papel de cada um em sociedade. Por isso as palavras de Luther King, 45 anos depois, ainda fazem sentido:
"I have a dream that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character"

Neste sentido, cá na Terra Brasilis isso foi feito com a eleição de Luis Inácio. Ele se mostrou capaz de assumir o cargo e alvo de diversas críticas, muitas delas com razão. Com ele pode-se esperar a quebra do mito do "pobre bonzinho que vai salvar a pátrial" ou do "sapo barbudo que quebrará o país". E o PT saiu de seu pedestal sacralizado por seus militantes- e muitos intelectuais- como "partido da ética e da moral" após mensalão e afins.

Que venha Obama e o plutão em Capricórinio... e que o "content of their character" de Luther King sirva realmente faça sentido, para racistas ou para quem acredita no "bom selvagem" em versão revista e atualizada.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Zora Yonara da Maçambaba e a política carioca

Juro que eu queria ser menos : com as coisas, com as paixões, com opiniões dos outros, com certezas minhas e tudo o mais.

De repente Fábio abre o jornal e lê na coluna astrológica: vênus em sagitário... logo em oposição com a minha vênus natal, deduzi, embora não tenha visto o mapa para conferir os graus.

No entanto não foi necessário: dado os acontecimentos da semana, as notícias e minha atratividade no meio social nestes dias já foram para mim o suficiente.

É nestas horas é bom estar recluso, porém uma reclusão sem carnaval...apenas notificada aqui, porque o ascendente leonino precisa mostrar-se de alguma forma.

Torcendo pelos dias de sol na Maçambaba e por coragem de criar, ainda, um blog para temas astrológicos.

Vou justificar o voto, mas o Rio é de Gabeira, mesmo não colocando fé - o uso desta palavra não é provocação pro Crivella - que ele vá perder para o projeto de Cesar Maia disfarçado de dissidente. O rapaz era fluminense e virou vascaíno...era a favor da liberalização da maconha, mas mudou de idéia, era do PSDB e anti-Lula agora implorou junto ao Cabral para ter uma audiência com o hômi e segundo as más línguas é casado, porém...

Que venha o fim de semana!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Didi explica

De ontem para hoje tive um sonho que, dado o seu lado ridículo e com elemento interpretativo, resolvi blogá-lo aqui, ao invés de deixar no no meu blog específico para sonhos.

Eu estava no prédio onde moram meus tios, só que em andares mais altos. De lá poderia ver a janela de um quarto. Nele o Fábio Junior ficava cantando várias músicas e quando ele terminava, alguns aplausos vinham de outros apartamentos. Lá pelas tantas eu abro a minha janela, falo qualquer coisa com ele e grito em tom de deboche "Obrigaduuuuu!!!"

Sucintamente a interpretação: é de praxe o Fábio, amigo meu, e eu - que também sou chamado de Junior, em especial no meio familiar - usarmos a frase "a gente canta onde tem platéia". Creio que isso. Acho que isso só já explica tudo.

E ainda tem gente que se estressa com a idéia do conteúdo sexual dos sonhos.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Associação Livre

Restam-me aqui ainda uma xicará de chá quente para amornar o banho de água fria que você me deu. Para acalentar o coração em espera...não é honraria a Cronos Saturno. É só um jeito de tentar domar esse demônio dentro de mim chamado angústia. Chore o quanto puder...Isso força-me a um isolamento voluntário para descobrir meus gostos sem a interferência de ninguém. Faz parte da minha atual jornada: um novo modo de viver, um outro gosto de chá que não seja o mate carregado no azedume do limão e a água fria da lagoa poluída sob meus pés. Quero olhar para aquele céu embaçado onde duas nuvens fazem uma espiral pro infinito e lembro-me da incerteza do futuro, porque na verdade nunca espero muito dele. Nem quero ficar pregado ao que já foi. Por ora quero apenas ficar no meio do nada, ser absolutamente nada, tentando, quem sabe encontrar alguma parte de mim que eu insisto em manter escondida.

domingo, 19 de outubro de 2008

Questão de gênero

Creio que no último post mencionei algo sobre estarmos ainda no século XVI. Na verdade encontramos valores ainda presentes de milênios e, dadas as especificidades sócio-históricas, ainda permanecem. Em especial no que diz respeito sobre as relações entre os gêneros.

Outro dia eu vendo o Fantástico aparece a reportagem em que uma mulher processou a amante do marido por ele tê-la traído. A justiça entendeu que a culpa pela quebra de contrato do casamento se deu única e exclusivamente pela amante. E quase 50% das pessoas fizeram côro com a decisão judicial em uma enquete do programa: a culpa é da amante. O machismo presente também no discurso de muitas mulheres coloca a amante como uma ameaça ao sacrossanto lar e reforça o papel do homem como provedor: ele não é um ser a ser amado, mas alguém que paga as contas e mantém a casa, por isso talvez, evita-se processá-lo também. É como a Catarina da novela das 9: o marido é violento, mas para ela é mais importante ter posse de uma família, ainda que esta esteja completamente desagregada.

Hoje é confirmada a morte cerebral de Eloá. Em meio ao sensacionalismo da imprensa no caso, vem sempre a visão do namorado enciumado como um simples louco. Parece que os olhos são propositadamente tapados ao rotulá-lo dessa forma, jogando para debaixo do tapete que a visão da mulher como uma posse ou mercadoria na qual os homens se acham possuidores de todos os direitos ainda permanecem hoje.

Agora há pouco vim de um aniversário aqui em Copacabana. Três meninas adolescentes no ponto de ônibus e passam 3 garotos da mesma faixa etária por elas. Dois prosseguem o caminho e um deles passa a investir em uma delas. Diante da recusa da menina em sua cantada, o menino dispara uma série de palavrões contra a menina, que revida xingando-o também. Sorte a dela do garoto ter ido embora de uma vez.

O que fica para refletir em cima desses três acontecimentos é que eles estão unidos por uma mesma visão sobre o que se espera do homem e da mulher. E enquanto isso permanecer, tragédias como a de Santo André poderão se repetir.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Para o segundo turno não passar em branco

Segundo Turno: Gabeira x Paes. Crivella de fora...a capital (ainda) não virou Teerã. De um lado um esquerdista clássico com idéias do século XXI em um país (e cidade) no século XVI. De outro o sucessor natural do atual prefeito- de quem já foi secretário e subprefeito e só é o que é graças a Cesar Maia - dizendo-se contra a atual administração. Puro jogo político.

Em meio a tudo isso se acende um dos defeitos mais tacanhos de nós cariocas: o excessivo bairrismo e orgulho por algo que nunca fomos. Correligionários de Paes espalham que Gabeira é "anti-subúrbio" e muitos suburbanos vem e gritam por um certo "orgulho suburbano".

A diferença entre a Zona Sul, parte da Zona Norte (Grande Tijuca, Alto da Boa Vista e Ilha), Oeste (Barra e Recreio), Centro (Santa Teresa) e as demais partes da cidade são evidentes. No entanto quem é orgulhoso ou quem tem ao menos amor por onde mora, saberia cobrar bem de seus governantes as suas obrigações ao invés de colocar uma faixa no estilo "agradecemos ao vereador zé das couves por esta quadra de futebol". Ou se lamentar num idílico espaço de boa vizinhança e samba, quando hoje o funk, o tráfico e as milícias dominam o mundo real de forma trágica. O subúrbio merece respeito, mas isso deveria vir, principalmente de seus moradores. E não cair num complexo de inferioridade que só beneficia certos grupos políticos. Neste caso o orgulho é, de fato, um pecado capital.

Quando a mãe explica o "em nome do pai"

Esta semana fatos engraçados, ou no mínimo curiosos, aconteceram. A situação é essa: há uma pessoa que gosta de proclamar para si um estilo "rebelde" ou "libertário" ou coisa do tipo. Que, só para citar como exemplo, critica muitas vezes o meu jeito aparentemente bonzinho ou certinho ou até mesmo o meu sinal da cruz diante da igreja. Tá visualizado? Ok!

Agora imaginemos esta mesma pessoa defendendo uma idéia sobre um certo assunto sob um ponto de vista extremamente conservador, completamente incoerente com sua visão libertária de mundo. Ou ainda, ter uma visão por vezes inflexível em relação às leis e ter traços fortíssimos de neurose obsessiva - como o medo de contaminação- que denota uma necessidade de ordenação, rigidez e disciplina?

Queria apelar para Freud, mas fico com Dona Marta mesmo, que me diz: Odilon Junior, fique sempre atento com pessoas que se auto proclamam liberais demais. É com essas que muitas vezes estão as idéias mais rígidas em relação à vida.

Sorte a minha, mummy's boy que, conforme manda o manual do bozinho, ouviu e entendeu estas sábias palavras.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Zoon Politikon, Cacilds!

Pela glória divina Crivella não vai pro segundo turno, mas o diabo pode fazê-lo eleito governador em 2010, para suceder Cabral, que apóia Paes, que é o sucessor natural de Cesar Maia - que o nomeou subprefeito e por onde ele se lançou na política - enquanto sou pró-Gabeira porque quero o Pavão-Pavãozinho de sunga de crochê no Posto 9...ai sim, eu diria que aconteceu uma revolução de verdade no Patropi. Zito ganha em Caxias e um buraco negro que sugaria todo o uiniverso não foi aberto e Núbia com toda maracutaia é eleita em Magé, assim como a Jerominho na Câmara do Rio? Será que o povo pensou nos versos de Caê "é que Narciso acha feio o que não é espelho?".

Sabino não se elege em Rio das Ostras e Alckimin não foi pro segundo turno na garoa...talvez o paulistano não quer o efeito Serra. O PT fortalece na Baixada e ACM Neto fica de fora - ainda bem - em Salvador. Em Araruama ganhou o candidato do governador, o que não usou o photoshop demasiadamente, e a muher do manda-chuva de Saquarema se elegeu, mas não sabe se levou, a exemplo da mulher outrora manda-chuva - e desgraça - do estado em Campos. Severino se elege no interior de Pernambuco assim como o irmão do presidente do TSE no interior do Sergipe. E o presidente em entrevista ao Globo não explica porque alguém como nome no SPC/Serasa não pode ser candidato e quem tá respondendo processo pode... se ele não explica as urnas mostram Jerominhos e afins sendo eleitos... e viva o Patropi!

No fim das contas a novela das 7 e a conclusão de que Ailton Graça é a reencarnação do Mussum.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Não é por falta de assunto



Tudo bem que é véspera de eleições e eu que gosto de política ando um tanto modorrento. Nem mesmo a queda da Bolsa ou o estresse de Xuxa com a Band me animaram a colocar um post aqui. Deve ser em função da campanha do Fluminense no Brasileirão.

Mas, porém, todavia, contudo...me vem um estalo: que fim levou Duda Little?

Quem tem mais de 25 deve saber de quem estou falando...ou aqueles mais novos que vêem as reprises de filmes da Xuxa e Os Trapalhões na Sessão da Tarde.



Pois bem aqui está a moça:



Hoje ela trabalha na redação do "Mais Você" e quando Xuxa foi no programa hoje, Ana Maria Braga chamou a moça e a loira ficou ultra sem graça quando viu a sua antiga colega de trabalho.

sábado, 20 de setembro de 2008

Coisas para se odiar nesta época

- As campanhas políticas de Araruama, incluindo o photoshop do Miguel Jeovani (que tá a cara do Gasparetto), o sorriso bocó-zé-mudesto de André Mônica e sambinhas manjados




- Lembrar da existência de Marcelo Crivella, em especial como candidato a prefeito da cidade via curral eleitoral da IURD

- Mudanças climáticas que atiçam a rinite

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

É que Narciso acha feio...

Há 15 anos pensava em uma forma de tentar comprar material pornográfico - isto é, comprar revista de sacanagem - e alugar videos afins....era uma verdadeira expedição do DR Livingstone conseguir isso.

Hoje, isto me vem pelo celular...e com um detalhe: produzido para mim.

Narciso agradece a modernidade.

domingo, 17 de agosto de 2008

Adiposidades

Pena que o Bruno deletou o Adiposidades, porque a minha viagem Rio-Araruama desta sexta era digna de um post dele. Eu cansado e doido pra chegar em casa decido pegar o ônibus que custa 1 real mais caro – talvez o sonho que tive essa manhã tem relação com isso- e estou muito bem na janela (síndrome de Romário) e chega uma gorda – tá eu sei que sou gordo – espaçosa. A bunda da cidadã me esmagava no canto e ela ainda por cima comia sem cerimônia um biscoito Globo ( e eu que só tinha almoçado) e coloca um mp3-celular (que pra mim é um sintoma de pobreza pra somar na lista que tem o bombril na antena da TV) tocando aquelas músicas-quebretes. Ela provavelmente deveria se sentir a Rihanna ouvindo aquilo. E eu rezando pra que ela descesse pelo menos em Bacaxá, mas Deus, sabendo da minha arrogância resolveu deixá-la até o fim da minha viagem. Como desço antes do ponto final ainda tive que acordar a gorda, senão eu não desceria no meu ponto. Minha sorte durante a viagem foi uma mistureba no meu mp3 (sem ser junto com celular) que incluía REM, Chico Buarque e Menor do Chapa. Sim, confesso que vivi.

domingo, 6 de julho de 2008

Tricolor não-evangélico

Quando eu penso que desgraça é só o meu querido Fluzão perder a final para LDU - ou LCU, nos dizeres do "escrachado" Wagner Montes - me vem essa notícia:

Pesquisa Datafolha mostra que o senador Marcelo Crivella (PRB) lidera as intenções de votos à Prefeitura do Rio com 26%. A ex-deputada federal Jandira Feghali (PC do B) está em segundo lugar com 17%.

Como a margem de erro da pesquisa é de 3% pontos percentuais, para mais ou para menos, três candidatos aparecem empatados no terceiro lugar. Tratam-se da deputada federal Solange Amaral (DEM), com 10%, seguida pelo ex-secretário estadual de Esportes e Turismo Eduardo Paes (PMDB), com 9%, e o deputado federal Fernando Gabeira (PV), que aparece com 7%.

Já o deputado estadual Alessandro Molon (PT) tem 3% das intenções de voto.

O levantamento, realizado no dia 3 de julho, está na edição da Folha de S.Paulo deste domingo (6), que já chegou às bancas. O Datafolha ouviu 812 moradores do Rio.




Só isso!

domingo, 8 de junho de 2008

Será?


Pode parecer um clichê. Algo que você está cansado de escutar o tempo todo. Eu pelo menos estou. No entanto parece fato: as pessoas estão mais preocupadas em falar do que ouvir. E quando me disponho a falar as histórias ficam inconclusivas, por conta dos delírios narcísicos de cada um.

Será que é por isso que a Internet virou uma válvula de escape para a solidão?

Será que é por isso que os remédios fazem mais sucesso que as terapias, na qual a pessoa simplesmente não fala, mas é obrigada a ouvir. Não as palavras do analista/terapeuta, mas principalmente, si mesmas.

Será que as pessoas incapazes de ouvirem o que o outro tem a dizer são capazes de ouvir a si mesmas? O falatório narcisista será uma maneira de livrar um encontro doloroso consigo mesmas?

Araruama e esse período desconectado me fazem bem. Sou obrigado a escutar mais a mim mesmo e me afasto dos discursos narcisistas, sejam eles teclados ou falados.

Duas Caras II

Duas Caras (2)

Como essa semana já se encerra a novela, deixei de preguiça e resolvi postar meus comentários sobre “Duas Caras”, com alguns personagens e questões que foram abordadas na trama:

- Evilásio Caó, o p´ríncipe da Portelinha?

Em sua segunda telenovela, Lázaro Ramos mostra que é capaz de lidar bem com o gênero e interpretar uma personagem que difere muito do seu anterior “Foguinho”. Vejamos, Evilásio é filho de Misael Carpinteiro- um dos fundadores da Portelinha-, irmão de Gislaine e afilhado de nada mais nada menos de que Juvenal Antena, o déspota quase esclarecido da comunidade.

Como é sabido “padrinho” é o segundo pai e é com Antena que Evilásio terá o seu maior embate que em muito se assemelha às relações de pais e filhos, sendo que em jogo está uma comunidade. Além disso ele terá que lidar com outro vilão, comum à maioria dos brasileiros: o racismo, encabeçado pelo seu futuro sogro, Barretão. Esses fatos credenciam Caó a ser o herói romântico da trama, somando-se a isso um romance – como todo folhetim pede- com uma moça branca e de classe social acima da sua: Júlia.

Existe um momento da vida em que nos damos conta de que nossos pais não são infalíveis (castração) e que, em decorrência dessa falha, nós corremos em busca de outros objetos, em substituição às figuras parentais e somos obrigados a fazer escolhas. E como somos incompletos, cada escolha implica no abandono de outra, ainda que muitas vezes hesitamos com medo de perder o amor dos pais. Com Evilásio não é diferente.

Ele é criado junto com Juvenal, trabalhando na Associação de Moradores. Em um dado momento percebe-se de que a vida chama Evilásio a olhar para além da favela, a visslumbrar novos horizontes. Neste momento ele conhece Julia, a moça que vem de fora da Portelinha, e entra em atrito com os métodos de Juvenal Antena, com quem se envolve em uma disputa política até Antena se dar conta de que, diferente de Evilásio, ele só é rei na Portelinha. Se a alteridade é fundamental para que nos reconheçamos, com Juvenal isso só se dá na comunidade. Diferente de Evilásio, que tem a necessidade de sair dali e realizar o seu projeto de ser o representante da favela na Câmara Municipal.

Em relação a Juvenal já fiz comparações com “Totem e Tabu” de Freud. Com Evilásio a idéia se repete, sendo que em princípio ele não deseja o assassinato do pai (Juvenal) mas deseja trabalhar junto com ele. Mas talvez o grande “tabu” que existe para os planos de Caó não é Juvenal Antena em si, mas a Portelinha, comunidade que é seu objeto de amor.

Sílvia

Esqueçamos a nomenclatura antiga psiquiátrica que dividia os loucos em neuróticos e psicóticos e aprendamos o que é o transtorno Boderline, no qual a pessoa se mostra extremamente agressiva quando seus objetivos não são alcançados, somados a surtos de depressão e tentativas de suicídio. Esqueçamos também as mulheres eternamente loucas, histriônicas e sem sentido de Manoel Carlos, e vamos nos divertir com a vilã desequilibrada e por muitas vezes cômica, de Aguinaldo Silva..

A personagem, aparentemente uma menina insossa que estudou na Sorbonne e que volta ao Brasil após o falecimento do pai vai mostrando a sua “outra cara” a partir que começa o seu relacionamento com Marconi Ferraço e esta fica mais acentuada graças a uma outra personagem: Renato, filho de Ferraço com Maria Paula.

Interessante observar a disputa narcísica que ela apresenta diversas vezes, o que de certa forma pode até fazer pensar sobre o Complexo de Édipo. Silvia sempre foi uma menina mimada que, de acordo com sua mãe, sempre teve tudo o que quis graças ao pai. Silvia não sabe lidar com as faltas. Quando o pai lhe falta, na morte, ela encontra um substituto em Ferraço, união a que a mãe se opõe e que é o motivo principal da briga das duas durante a trama, fazendo lembrar a rivalidade mãe e filha. Outra mulher que aparece em seu caminho e que lhe representa uma ameaça é Maria Paula, uma mulher capaz de obter o amor de Ferraço, algo temerário à Silvia. E por fim, a presença de Renato, uma criança tão cheia de vontades, talvez, quanto a adulta madrasta que passa a trama tentando achar mil formas de eliminar o menino, já que este aos poucos vai ganhando a atenção e o amor de Ferraço, a ponto de Silva simular um acidente da escada na festa de aniversário do menino e assim obter a atenção de todos.

O flerte de Silvia com a “morte” não se dá somente nas tentativas de assassinato ou no seu suposto acidente. Ao conhecer o motorista João Batista (JB) que representa socialmente tudo o que ela detesta – ele é pobre, favelado e, no fetiche da mesma, fedorento- ela decide mostrar uma sexualidade fetichizada por motéis baratos e onde ela pode exercer peno poder anulando qualquer tentativa de desejo do outro. Ela quer JB submisso a ela, fazendo todas as suas vontades de maneira obediente. Se Freud afirma que no masoquismo há uma fusão pulsional (da libido e da pulsão de morte) é por ela que a personagem tenta manter, de forma caduca, a atenção de todos sobre si.

Outras personagens / tramas

A novela apresentou diversas personagens com suas tramas particulares e o jogo do duplo. Algumas tramas forma bem aproveitadas, como o núcleo da Portelinha que mostrou diversas questões:

Alzira: a personagem dividida entre o “dever” que tomou para si mesma de cuidar dos filhos e do marido – revestindo de si como heroína- e o desejo de brilhar nos palcos na famosa “dança do cano” (elemento fálico?)

Os Evangélicos De um lado Edivânia, a fanática que poderia beirar a caricatura mas, que de certa forma representa uma parte da realidade evangélico-fanática de nosso país, em especial nas comunidades mais pobres. A caricatura não é de Suzana Ribeiro. Talvez seja o caso de se pensar que, no afã narcisista de buscar uma saída para uma vida medíocre e se sentir especial e eleito por uma entidade maior e se sentir superior a todos, não estariam muitos evangélicos se tornando caricaturais e escamoteando o que tem de melhor em si mesmo, contrariando assim o ensinamento daquele que eles dizem acreditar. A melhor resposta para isso está em Ezequiel, que representa não o lado puramente religioso, mas também como a espiritualidade e a ligação com o divino pode-se dar de outra forma e que isso pode ser usado para o bem de todos.

Ainda no campo religioso houve a presença de mãe Bina e o dilema de Andréia Biju de assumir o terreiro. A personagem que em princípio quer ser a rainha de bateria da escola, não se dá conta, ou tem medo, de perceber que seu trono é outro. Curiosa trama para uma personagem que teve que cuidar desde cedo da irmã mais nova, assumindo o lugar da mãe (eas são órfãs) e se vê em um dilema para se tornar uma mãe-de-santo.

Personagem mal aproveitada por sua vez foi a Branca, em atuação histriônica de Suzana Vieira, que só teve momentos mais interessantes ao lado de Alinne Moraes (Silvia) e de certa forma, Renata Sorrah. Muitos criticam a personagem Célia Mara de Sorrah, mas é fato que no jogo duplo de espelhos invertidos – uma desejando o que a outra não tem- ela se saiu bem melhor que Suzana Vieira, seja em suas brigas – por vezes cansativas ao público – ou em seus monólogos no qual culpava a todos por sua desgraça. E nesse meio temos um Jo´se Wilker apático no papel do insípido professor Macieira, personagem que poderia ter rendido mais e muito aquém do talento de Wilker.

A esquerda festiva simbolizada nesta falácia chamada “movimento estudantil” encontrou em Rudolf a sua maior crítica, não distante da realidade. Rudolf é o negro patrulheiro, chato, que posa de politicamente correto e se faz de pobre. Todavia anda o tempo todo com pessoas brancas, ricas, despreza as pessoas da Portelinha – alguns alunos da mesma raça dele – e descobrimos lá pelas tantas que ele é rico e trata com desprezo os seus empregados. Está aí uma boa metáfora do que representa muitos setores da esquerda brasileira- chamada de esquerda festiva- que diz adorar os pobres, mas sabemos que ela os quer bem longe. Isso explica em parte porque certos movimentos não deram certo no Brasil, em que até parte dita esquerda repetiu os mecanismos de concentração de renda e disparidade social seculares- e do movimento estudantil, que se tornou, pela UNE um monopólio de militantes imaginários e que os estudantes de forma geral só se lembram dela por conta de carteirinhas de meia-entrada e daqueles protestos vazios “contra o FMI”. E junto com isso, Rudolf mostra talvez o perigo da militância negra sem sentido, aquela que se limita a ver racismo em tudo e se esquece de atacar os reais problemas que fazem com que nós negros, maioria neste país, estejamos marginalizados em um país que se recusa a ver o óbvio enquanto a parcela mais clara da população delira com suas ascendências européias esquecendo-se de que está nos trópicos.

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E a elite vem representada pelo casal Gioconda e Barreto. A primeira cria um movimento chamado “Chega” – alguma semelhança com o “Cansei”? – após a amiga ser assaltada no calçadão. Se por um lado pode parecer coisa de perua desocupada, por outro pode ser um caso a pensar: será que só os pobres podem protestar? Casado com ela, Barretão, se mostra um racista que esconde da mulher a avó que fugiu com um negro. Nesse sentido faltou ousadia a Aguinaldo ou uma ligação melhor com a realidade que poderia fazer de Barretão neto deste negro.

Por fim temos a Portelinha, talvez ela mesma uma personagem.. As personagens, a exemplo de Lucimar, são dúbias, divididas, não diferente de todos nós. Uma hora vacilam em votar em Evilásio ou continuar sob os desmandos de Juvenal Antena e a sua “justa-mente” que decide o que deve ser feito ou não dentro da comunidade.

domingo, 1 de junho de 2008

Vento Nordeste

Ai alguém aparece de mansinho, sem ser vento, sendo sol. Apesar de toda ansiedade. O Cristo abre os braços para mais um "estrangeiro", o estranho encontro da minha vida, se tornar mais familiar...o Odilon agora é outro: é pego de surpresa quando menos se espera, com um certo vazio, sentindo a falta de alguém que tornou as últimas horas em momentos muito felizes. E os momentos felizes sempre têm a pretensão de serem imortais.

domingo, 18 de maio de 2008

Duas Caras

Faz muito tempo que eu não publico algo neste blog, por pura preguiça mesmo. Resolvi voltar publicando um texto longo sobre uma de minhas grandes paixões, a telenovela, e com uma idéia que pode parecer absurda a muitos: porque eu gosto de Duas Caras.

Uso a palavra “absurda” pois muito tem sido comentado. O IBOPE da novela é baixo e alguns dizem que a novela é ruim e que os mutantes-trash da Record abalam a audiência. Outros comentários maldosos afirmam que o blog do Aguinaldo Silva – autor da trama—é mais interessante que a própria novela. Pura maldade! Pelo menos de acordo com a minha cabeça doida que jura que “Duas Caras” é a melhor trama de Aguinaldo desde Tieta, esta adaptação do livro Tieta do Agreste de Jorge Amado.



Não vou desprezar a “trilogia” de novelas rurais que seguiram a Tieta (1989) na qual tem sempre uma cidade de interior como cenário principal da trama. Foi assim com a Resplendor de Pedra Sobre Pedra, a Tubiacanga de Fera Ferida—esta inspirada em Lima Barreto – e com a Greenville de “A Indomada”. Depois destas, Aguinaldo escreveu a fraquíssima Suave Veneno – cujo destaque foi somente a Maria Regina de Letícia Spiller à la Isabela Rosselini- e a ótima Senhora do Destino capitaneada pelaatuação de Renata Sorrah, a inesquecível Nazareth Tedesco.

Só para relembrar, segue abaixo o meu resumo sobre a trama da novela, em especial para que está completamente por fora:

“Maria Paula, garota rica do interior paranaense, perde os pais em um acidente de carro e se casa às escondidas com um vigarista que se apresenta como Adalberto Rangel. Após o casamento, ele a faz assinar uma série de procurações dando plenos poderes para ele sobre seus bens. Adalberto vende as propriedades de Maria Paula – incluindo a própria casa em que esta morava-- e foge com o dinheiro sem saber que a mesma está grávida de Renato.

Adalberto faz plástica e adota uma nova identidade: Marconi Ferraço. Com o dinheiro, ele monta uma construtora imobiliária e compra um terreno em Jacarepaguá- Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro – ao lado de um terreno invadido que se transformou na favela da Portelinha. Esta favela tem um líder , Juvenal Antena, que era segurança da empresa que funcionava ali.

Dez anos se passam e Maria Paula mora em São Paulo com o filho trabalhando em um supermercado e disposta a encontrar Adalberto/Ferraço. Até que um dia ela o vê em uma reportagem e decide ir para o Rio de Janeiro – aproveitando uma transferência que o gerente do supermercado propôs a ela e assim poder reencontrar Adalberto/Ferraço para um acerto de contas. Este, por sua vez, vive às turras com Juvenal Antena já que a vizinhança da Portelinha, é um entrave para seu projeto de construção de um condomínio de luxo no terreno ao lado.


Aqui vou enumerar algumas personagens que me chamam a atenção por duas razões em especial que me agradam. A primeira é a existência do “duplo”. Este tema já citei no meu blog antigo, acho, em que cito algus escritores que usam desse tema, tais como Guy de Maupassant, Robert Louis Stevenson, Machado de Assis e Sigmund Freud. A segunda razão é que com a trama basicamente ambientada em alguns “microcosmos” como a Portelinha e a Universidade Pessoa de Moraes, Aguinaldo desfila com personagens e questões que atacam males do Brasil (ou universais), sem perdoar ricos ou pobres, esquerda ou direita... está (quase) tudo ali.


Maria Paula, a heroína da história.




Em uma das minhas aulas sobre Lacan, a professora apontava 3 estruturas básicas apoiadas em patologias: a neurótica, a psicótica e a perversa. Entre as neuróticas tem-se a histeria, na qual sempre existe a necessidade de atingir um gozo perfeito e pleno. Junto com esse blábláblá chato lacaniano ela citava como exemplo Antígona, personagem da Trilogia Tebana de Sófocles. que foi até as últimas conseqüências para enterrar o pai, Édipo.

De certa forma Maria Paula se assemelha à personagem grega – uma heroína de acordo com o próprio autor – e que se revele o seu outro lado, o seu duplo, nessa busca incansável em querer que Adalberto pague pelo que fez com ela. No entanto, Maria Paula descarta a punição legal da polícia e da justiça: ela quer que Adalberto se humilhe a ela e que assuma os crimes que cometeu. Provavelmente imbuída de seu narcisismo que deve se perguntar “por que eu fui rejeitada?”.

E para aumentar mais ainda essa trama, tem-se Renato, filho de Maria Paula e Adalberto, que como Freud aponta o filho é fruto do desejo da mãe e é objeto narcísico da mesma. E ao que parece é ele- desejo da mãe- que vai unir as duas personagens, já que Maria Paula se defronta com o fato de não assumir o seu desejo por Adalberto. Renato fala aquilo que o desejo de Maria Paula tenta dissimular, mas que surge na forma de duas relações fracassadas: com Claudius e, posteriormente, com Narciso – “coincidência” irônica entre o nome do deputado e a natureza do desejo da personagem.

De menina rica e protegida do interior, o golpe sofrido por ela revela uma mulher que decide se sustentar com o seu trabalho e cuidar sozinha de seu filho. E a sua obstinação não fica só aí. A personagem tem um objetivo que é se encontrar com Adalberto e ter o seu acetro de contas, ou vingança, encontro amoroso, seja lá o que for. Algo parecido, guardadas as devidas proporções, com Aurélia Camargo criada por José de Alencar.

É importante assinalar a preferência de Aguinaldo por personagens vingativos: Tieta e Raimundo Flamel (Fera Ferida). Ele também gosta de personagens obstinados, tal como Maria do Carmo de Senhora do Destino, que também busca por algo roubado: Do Carmo buscava a filha roubada por Nazareth, vilã que a impediu de viver o amor da mãe com a filha. Maria Paula tenta buscar o amor perdido e roubado por Adalberto Rangel. Talvez sejam esses os elementos que justificam a tese de Aguinaldo em colocá-la como heroína e centro da história e da transformação de uma personagem que no começo da trama era chata e sem graça.

Adalberto Rangel/Marconi Ferraço/Juvenaldo Ferreira, o vilão?





Uma personagem que figura na trama com três nomes. O nome dá a noção de existência do sujeito e o insere no mundo tomado por linguagem. Juvenaldo ilustra bem isso.

Não é comum ver nas tramas um “vilão” com toda sua origem traçada. Para Adalberto seguem-se 4 fases: a primeira quando ele, no interior de Pernambuco, é vendido pela família miserável para Hermógenes, um trambiqueiro local que usa crianças para seus golpes e lhe dá um novo nome: Adalberto Rangel. Na segunda fase Adalberto adolescente conhece Bárbara – sua futura governanta- e aprende truques e golpes com Hermógenes. Na terceira, já adulto, ele foge roubando o dinheiro de Hermógenes, dá o golpe em Maria Paula, faz uma plástica e muda de nome e de vida. Para enfim vermos o impiedoso Marconi Ferraço, homem mecânico, frio e grosseiro com seus funcionários, dono da Marconi Ferraço Empreendimentos Imobiliários.



Em princípio, creio que o próprio Aguinaldo revelou ter se inspirado em José Dirceu para a “mudança” da personagem. Vale lembrar que, cá na vida real, José Dirceu, ex-líder estudantil na época da ditadura militar, faz plástica para fugir da perseguição política, muda de identidade e casa-se. Anos depois é que a própria esposa de Dirceu vai saber de sua verdadeira identidade. Com a abertura política Dirceu funda o PT sempre criticando os políticos corruptos, tornando-se o principal partido da dita esquerda brasileira e 23 anos depois, quando o partido elege o seu primeiro Presidente da República, ele torna-se Ministro-Chefe da Casa Civil, cargo com muitos poderes. Em 2005 se vê envolvido em uma série de escândalos acusado de chefiar um esquema de compra de votos de políticos da base aliada do governo, o famoso escândalo do “Mensalão”. Euis então as Duas Caras de Dirceu: o militante esquerdista que clama por justiça e político corrupto tão igual quanto os que ele por anos criticou. Estes fatos revelam que Adalberto/Marconi o golpista/ o grande empresário aproxima a trama da telenovela ao nosso dia-a-dia político. Ambos apresentam a arrogância no trato com as pessoas que eles julgam serem inferiores—Dirceu em seu "marxismo em proveito próprio" se vale da sua história pessoal como forma de absolvição --, a frieza e o cinismo.

A riqueza da personagem não pára por aí: na reta final da trama ele mesmo desconhece a sua real identidade, perdida em documentos guardados por Bárbara – personagem que funciona às vezes como o supereu de Marconi e que conhece toda sua história. Questionado por Maria Paula e depois por seu filho, Marconi Ferraço se dá conta que durante anos ao usar identidades falsas tinha varrido pra “debaixo do tapete” (inconsciente) ou para dentro da mala guardada por Bárbara o seu verdadeiro nome: Juvêncio Ferreira. Nome que ele acha feio e que revela a sua real origem e que, a exemplo de Maria Paula, revela uma rejeição por pessoas amadas – no caso, seus pais – que o vende para Hermógenes. A não-existência de Juvenaldo, sepultado por Adalberto e Ferraço, mostra talvez esse “não-desejo” filial e a necessidade dessas duas identidades: Adalberto para a sobrevivência em um mundo miserável e Ferraço que mostra que o desejo do ser humano passa além da mera necessidade. O desejo está além da necessidade.

Ponto para Aguinaldo e para a ótima intepretação de Dalton Vigh à personagem que, a exemplo de muitos patrões deste país, não tem lá grande estudo, recebe a alcunha de “doutô” e trata seus empregados com grosseria e intimidação. O “capitalismo” brasileiro guarda muito dos 400 anos de escravidão que o antecederam e permanecem até hoje.


Juvenal Antena, o pai totêmico.




A melhor interpretação de Antônio Fagundes em telenovelas desde o famigerado e odiado Felipe Barreto criado por Gilberto Braga em “O Dono do Mundo”, ainda que ele continue com aquele “ovo na boca” do Bruno Mezzenga de “O Rei do Gado”. Juvenal Antena é mais que uma personagem: é uma aula de filosofia política e psicanálise se for considerado o que Freud descreve em “Totem e Tabu”.

Na ficção a nascente comunidade da Portelinha se vê diante da necessidade de ter um líder. E de cara este líder já está ali: Juvenal Antena, ex-chefe da segurança da empresa dona do terreno invadido. Freud fala da horda primitiva, do assassinato do pai – que dá origem ao tabu do Édipo—e da presença desse pai totêmico (base do suprereu, instância psíquica que nos diz sobre o certo e errado) como forma de organizar a civilização. Na Idade Média as invasões dos chamados bárbaros do Norte da Europa forçaram às pessoas viverem em feudos fechados e dando status aos cavaleiros, responsáveis pela “proteção” e guerras naqueles tempos.

Juvenal atualiza isso para o Brasil do começo do século XXI, ainda às voltas com líderes populistas e ao Rio de Janeiro tomado pelo narcotráfico e de favelas com suas “milícias”. Rio das Pedras, favela de Jacarepaguá que inspirou a fictícia Portelinha, e tal como a favela da ficção é tida como exemplo por “viver em paz” ou como local onde “traficante não se cria”, tudo isso às custas de uma ordem severa e punitiva.

Outra pessoa pode ter em mente o venezuelano Hugo Chavez e no meu caso eu associo também ao presidente estadunidense George Bush. Juvenal justifica a sua “liderança” e o excesso de poder em suas mãos em nome de segurança da “sua favela”. Juvenal não tem medo de usar o pronome possessivo de primeira pessoa ao se referir à Portelinha. Os vilões de Chavez são a elite venezuelana e os EUA. Os de Bush são líderes de países como o próprio Chavez e os terroristas islâmicos. Os de Juvenal são a chamada “violência” – enquanto ele mesmo usa de violência e intimidação dos moradores – e às investidas de Marconi Ferraço, nas palavras dele “meu maior inimigo”. O venezuelano muda a Constituição, o estadunidense manda uma máquina de guerra para o Oriente e Antena dispõe de “7 anõs” (seus capangas). Chavez vende petróleo pros EUA de Bush, cuja família tem ligações com Osama Bin Laden. E Antena negocia com Ferraço apoio para sua campanha a vereador em troca de favores. A Portelinha, e Antena, são metáforas perfeitas para o mundo de hoje e o de sempre, com o ser humano sempre querendo um líder, um pai, que dê conta de todos os seus anseios, segurança nem que para isso custe a sua própria liberdade. E é desse tipo de coisa que tenho medo, já que isso gerou e ainda gera tantas autrocidades, sejam as da Inquisição Católica, dos monarcas despóticos ou das ditaduras de esquerda e de direita. Tudo isso em nome da “segurança”. A famosíssima premissa de Maquiavel --“Os fins justificam os meios”-- permanece atual. Sendo que “O Príncipe” tem várias caras, não só duas.

Enfim, por hoje é isso...no meu próximo post comento mais!

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Hiato

Só pra não ficar um espaço em branco e jurar que em breve esse blog terá post novo. Juro!

terça-feira, 25 de março de 2008

Pós Quaresma

- Esta páscoa foi a mais sem sal de todos os tempos e, paradoxalmete, eu tenha sentido melhor o significado dela: ressurreição;

- Odeio modem que não funciona;

- Gyselle não deveria ganhar o BBB 8, mas vai...totalmente sem função, exceto por servir de "disfaceitor" para Marcelo, aquele moço que repete o clichê "eu gosto de pessoas";

- Quando eu escrever um livro de auto-ajuda pra homossexuais masculinos com problemas de assumir a sexualidade ou, melhor dizendo, bicha mal resolvida, o título será "eu gosto de pessoas";

- A imprensa inteira tá baixando o pau nos governantes sobre a dengue no meu outrora lar Rio de Janeiro, mas se esquece cinicamente de que o grande responsável pela maldita é a população. Só que dessa vez o Aedes ão ficou só a pobreza dos pneus abandonados de ferros-velhos na Dutra e resolveu ir para as piscinas abandonadas na Zona Sul, Barra e Jardim Guanabara (Ilha do Governador) e, talvez por isso não cabe a máxima do "pobre sem educação e ignorante" e sim do carioca divertido, alegre, que dança o "Créu" e impede a entrada dos agentes de saúde em suas casas;

- Por isso o hit do verão não foi o Créu, e sim o Aedes, que assim como Clovis Bornay no concurso de fantasias do Hotel Glória, é hors-councours;

sábado, 8 de março de 2008

Didi x 10

1- Aumento de 5% para os aposentados que ganham acima do salário-mínimo é mais que vergonhoso, em especial para o partido que está no governo;

2- Hugo Chavez é o Brizola com mais melanina;

3- Rafael Correa umidifica;

4- Alvaro Uribe tá se achando porque tem apoio do tio Bush, mas vamos ver até quando;

5- A melhor personagem de "Queridos Amigos" é o Benny intepretado por Guilherme Weber;

6- Hoje é dia de curtir a praia;

7- O vento daqui me assusta;

8- Homem que entende significado de música da Britney Spears deveria ser forçado à cirurgia de trangenitalização e mudança na carteira de identidade (quem vê o BBB sabe ao que me refiro);

9- O ex-procurador geral da República, Cláudio Fontelles, é um nome perfeito para substituit Bento XVI;

10 - Parabéns a ministra Ellen Grace que adiantou o voto a favor das pesquisas com células-tronco embrionárias.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Verbos

Acordar mais cedo. Pensar na vida. Comer o melhor pão da minha vida. Discutir filosofia aplicada a parentes distantes com a mãe. Verificar abcesso no corpo do pai. Escutar miados desesperados pelça manhã. Acarinhar animal de estimação não adaptado. Ver o ônibus ir para praia desconhecida e próxima. Assistir ao seriado da noite e refletir sobre o país. Encontrar uma revista de 1988 comentando os 20 anos anteriores a ela. Lembrar que esse é o ano dos 30. Ir na lan house. Testemunhar um garoto com 6 anos de idade jogar counter strike com destreza. Ver o pôr-do-sol. Preparar novas aulas. Estudar para ganhar dinheiro. Desfazer a mala antiga grudada com uma fita marrom. Espraguejar a síndica do condomínio pelo alagamento que trouxe uma cobra não venenosa que não passou pelos meus pés. Selecionar a quem dar o novo número do telefone. Mandar e-mails para pessoas queridas. Lavar banheiro com desinfetante de aroma maçã verde. Preparar picadinho e comer 7 rosquinhas vendidas a 1 real. Pensar nas pessoas que valem a pena e descartar sanguessugas. Lembrar que um bom jogador de BBB tem que jogar com o público e nenhum pretenso a expert no programa se dá conta disso. Lembrar-se de que BBB não casa com experts, mesmo sendo originalmente um experimento de psicologia beahviorista. Lembrar-se de que sou psicólogo. Desejar ter outra profissão além da psicologia. Olhar-me nu no espelho como não fazia há algum tempo. Perceber que está gordo, mas que se pegaria e rir quando alguém diz que a barriga murchou. Rir com blogs amigos. Ver outras fotos no flickr. Ler textos de Freud e Foucault sobre o discurso. Refletir sobre o papel dos gêneros na sociedade brasileira. Que pariticipantes de BBB fazem discursos machistas. Que eu odeio o fato de todo negro do programa ganhar a alcunha de "negão". Ter sonhos estranhos que não teria coragem de revelar nem mesmo no meu blog. Odiar a cachorra da vizinha e perceber que meus sonhos recorrentes com este animas simbolizam meu ódio inconsciente contra eles, uma vez que na minha infância foi mordido por alguns. Odiar lacanianos e dar razão a Freud e Lacan quando penso nos meus sonhos. Procurar uma igreja própria e reencontrar a espiritualidade. fazer fotos macro do jardim e olhar para as nuvens carregadas pelo vento sem compromisso. Pensar em um certo rapaz que está longe e lançar um sorriso besta e se dar conta de um apaixonamento. Receber telefonema para visita indesejada. Falar com um amigo na divisa de dois estados e esperar a sua visita desejada. Esperar por promesssas falsas. Ser mais carioca e dizer "passa lá em casa" sem dizer o endereço. Escrever bobagens neste blog.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Rapidamente

Queria confessar que gosto da novela das 8 que passa às 9 e da minissérie depois do BBB, mas tem suas falhas. Que to obcecado pela saída da "urça" esperando esse dia chegar....e que a Praia Seca é linda e me trouxe uma paz que não sentia há muito tempo.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Ninguém Merece

Um cyber com trilha sonora que inclui:

- Aquele gordinho jamaico-yankee do Beautiful Girl
- Marcelo D2 e algo do tipo
- Funk carioca

Enquanto isso vou jurando que sou pesquisador etnográfico, esquecer Malinoviski e tentar matar o Capitão Nascimento dentro de mim.

Aliás...não é o novo chefe da PM fluminense que disse que vai dificultar os bailes funk nas favelas?

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Rápidas

- Se eu fosse Aguinaldo Silva colocaria aquele moleque chato pra infernizar a vida do Desconsolado - assim meu pai chama o Dalton Vigh - e a outra cabeluda do bocão de nós todos...aí sim teríamos o verdadeiro vilão da novela. E chega de crianças pretensiosamente boazinhas o enganadas, porque, como bem fez o Mauricio Valadares em sua charge da novela, quem não quer um quarto com ar condicionado, um PS3 e uma madrasta gostosa? Tá, retiro a madrasta gostosa da lista;

- Parece que um crítico gringo detonou com o Tropa de Elite chamando-o de fascista. E ele não é militante do PSTU ou um "meio intelectual, meio de esquerda" como o autor deste blog. Porque aqui no Brasil quem chamou o tropa de fascista era dessa laia. Mas serve um recado pro Padilha, diretor do filme: fosse fiel ao roteiro original e colocasse a personagem de André Ramiro como protagonista da história - Jung já explica no mito do herói que é ele o ser dividido, no caso do filme entre a PM corrupta, os playboys da PUC e o BOPE - o sr evitaria metade da dor de cabeça e da pecha de fascista. Mas fazer o que? André Ramiro deu o azar de ser um negão da Vila Kennedy que não era o Lázaro Ramos. Por isso essas intepretações, pois parece que o capitão Nascimento é o herói da história, quando ele é fruto da mesma podridão violenta que a ele mesmo tanto critica...enfim.

- Em tempo: gostei do Tropa e não o achei fascista...isso depende de quem o lê. Fascistas são alguns dos meus alunos que adoraram as cenas de tiroteiro no meio da pobraiada. Mas se Freud achava que todo bebê é um monarca absolutista, eu digo que todo adolescente é um Mussolini wannabe...os pais que têm filhos nessa idade hão de concordar comigo.

- A cena da novela das 7 da Clarice tentando fugir lá do bonitão piscicopata foi ruim de doer. E, na boa...antes do Sidney Sampaio do que o Paulo Betti.

- E o tal do reitor da UnB que comprou uma lata de lixo por quase 1000 paus? E ainda teve um assessor - leia-se, puxa saco- dizendo que ele recebia embaixadores. Tá? Então vou receber dona Benta XVI aqui em casa e mandar uma licitação pra tal fundação que bancou a reforma do reitor. Ou então, vou chamar Timonthy Mulholland pra ser meu padrinho de crisma..quem sabe não faturo algum?

- Votei na ursa pra sair do BBB mas saiu a zapa...tudo bem que a Biancão deu no saco..ela e o carioca playboy, que quero fora da casa e direto pra G.

- Falando em atores negros do cinema nacional me impressiona o talendo de Flavio Bauraqui: o cara faz magistralmente sem afetações um travesti, um bandido, o evangélico da novela e o Exu em mais um filme com Lázaro Ramos. Aliás, Cafundó é um filme que vale uma conferida.

No mais é isso...

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Mudanças

Sim, sim...já me mudei...aqui em Araruama faz sol, mas há um vento gostoso. Clima bom para o velório dentro de mim, já que parte de mim se dissipou lá na "capitar" e sei o quanto isso foi bom e necessário.

Agora é tempo de reflexão...época de quaresma. E de internet a 2 reais a hora, mais chique que os 4 do Catete.

No mais, é isso!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Cinzas

Acabou de um jeito melancólico esse carnaval, chuvoso, chato e eu mudando de cidade...Araruama aqui vou eu.

Engraçado que nesses momentos a gente perceber a gratidão e o carinho de várias pessoas e a esquisitice de outras. Um fato ocorrido na madrugada da terça gorda explica bem isso.

Estava eu no famoso baile do Elite na Praça da República aqui no Rio e reencontro um conhecido meu que há algum tempo não via. Não era uma pessoa de intimidades mas era alguém que sempre julguei inteligente, com um papo muito bacana e que sempre nos tratamos super bem. Pois é...então vem a conversa empolgada: "oi tudo bem com você, mudei de endereço, to em outro bairro morando com meu namorado" Me apresenta ao namorado. E você?" "eu, to me mudando pra Araruama com meus pais por uma série de motivos e tudo o mais". Depois dessa notícia a conversa tomou outro rumo. A criatura começou falar pouco comigo até me dar um estranho abraço de despedida e depois dizendo "então tá, tchau Didi", como se quisesse me ver longe. Assim o fiz porque estava procurando um amigo meu lá fora e quando virei para trás - sem medo de virar sal- vejo a criatura no mesmo lugar, no mesmo círculo de 4 pessoas conversando do mesmo jeito de antes, deixando claro que a minha presença se tornou incômoda.

Falsidade? Pessoa temperamental? Esquisitice?

Bem, não sou terapeuta dela pra saber e, sinceramente, não estou preocupado em saber, embora aquele ato tenha de fato mexido comigo e justamente por achar- pra usar dois verbos junguianos- que fui avaliado pelo que tenho e não pelo que sou.

Por outro lado vejo as manifestações de carinho por toda parte vinda de diversas pessoas, seja aqui mesmo no Rio ou fora dele. E é pra essas pessoas que vai o meu agradecimento. De fato é estranho sair de um canto no qual eu passei quase 30 anos com a certeza de que aquilo não era nem meu e nem da minha família e que um dia chegaria a hora da partida. Todavia, estamos saindo todos de cabeças bem erguidas e com uma esperança maior em meio a esse carnaval que veio cedo, chato e chuvoso... Só não foi chato de todo porque tive a companhia de bons amigos e de pessoas que até então julgava chata e que me supreenderam positivamente. A elas também fica o meu muito obrigado.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Estresse pós-traumático (exorcismo)

Então tá, diz a premissa básica da sexualidade deste que vos escreve: "a gente canta onde tem platéia". Frase by Fabio, aliás.

Pois é, se eu for ao Teatro Municipal é mais fácil dar show- apesar dos prognósticos serem completamente desfavoráveis ao meu repertório neste recinto- do que na Praia de Copacabana. E detalhe: neste último alguém com repertório pior ou mais desgastado que o meu será mais aclamado pelo público.

Mamãe avisa: Didi, pára de querer dar uma de democrático a favor dos oprimidos, neste campo da vida a elite pode parecer mais fechada, mas lá quando você terá público, coisa que não ocorre na "grande massa". Pois é, fazer o que?

Depois deste domingo no Sambódromo este conselho fica claro, tal como aquele outro de papai: fica esperto com quem não te olha nos olhos.

Então tá, após um desarranjo no ego e o pretexto desse post completamente metafórico - e é proposital isso - com objetivo auto-terapêutico eu preciso rever meus conceitos. Ou seja, Didi, cante onde tem platéia. Todavia se a mesma desconhece Mozart e adora Ivete, triplique o seu cachê.

Faz sentido!

Ps: Quem me achou nojento, narcisista e escroto neste texto está completamente certo.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Partindo

Hora de partir e ontem à noite me senti esquisito, um tanto para baixo. Sorte a minha de ter amigos que entre tantas qualidades, possuem a capacidade de me fazer rir mesmo diante do bode da partida. Acredito que esse sentimento, aparentemente ruim, seja sinal de que esses dezenove dias foram muito felizes. O que tenho que fazer aqui é agradecer a todos que participaram desses dias comigo...tá, vou tentar ser menos piegas e não transformar esse blog em uma coleção de frases feitas de perfil de participante do BBB.

Aliás, para quem quer rir, vale a pena conferir o perfil do povo . Li aquilo e tive que concordar com o Matias que, para aquele povo, qualquer um que apareça na TV depois das 23hs, é considerado inteligente. Vide as respostas para Arnaldo Jabor e Jô Soares.

Falando ainda nesse reality show, só vou dizer uma coisa sobre a ursa: tomara que o povo lá descubra que ele é viado e comece a perseguí-lo e jogue-o no paredão. E isso acontecendo, votarei muito para ele sair... militância pró-toiça mode off já! O cara tá dando no saco (sem trocadilhos), faz um jogo sem nexo querendo pagar de bofe para cima do povo. C'mon...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Habemus Ursa

Me bate uma certa tristeza quando percebo que uma das coisas que motivam posts nos meus blogs - este e os antigos- é o BBB. Tudo bem, pararei com o "Mea culpa, mea maxima culpa".

Não vi ainda o BBB8 mas estou acompanhando os comentários, em especial em blogs como o Big Bosta Brasil e o flog do Erly e por ai vai... Claro que estou ligadíssimo no lance do psiquiatra Marcelo, para quem meu gaydar- sempre com defeito- apitou só de ver no site do programa. Aliás, basta ler a entrevista do toiço no site, aquela com esquema bate-bola, jogo-rápido da Marília Gabriela. E agora, ao que me parece o rapaz saiu do armário.

No entando, em meio a essas piadas todas e tudo o mais me veio os velhos estalos de sempre na cabeça. Como funciona essa coisa chamada "masculino" em todas suas variações. Ser homem sempre exige provas. Em sociedades tradicionais existem ritos de passagem do menino pro homem. Na nossa sobra violência - os homens são os que mais cometem e sofrem violência- e a necessidade de se livrar de uns fantasmas básicos: não ser corno, não ser broxa e não ser gay...este último é que me chama a atenção no caso do Marcelo BBB8.

Enquanto o cara não se assumia, ou estava esquivo, sei lá, chovem piadas a respeito, especulações e tudo o mais. É foda ter uma sexualidade que é o tempo todo medida, vigiada, questionada, mais que a heteronorma, em que você é obrigado a dar satisfações, seja na família, no trabalho ou num reality-show. Atiça mesmo a curiosidade, até mesmo a minha. Acho que nem mesmo outros homossexuais estão livres dela, seja eu neste blog ou os outros que já citei.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Mais um texto chato e abstrato

Amor e liberdade são palavras, talvez, impossíveis de serem definidas. O perdão me foi ensinado como uma virtude que eu penso ser, muitas vezes, impossível de ser cumprida. Aliás, me dá certo pânico constatar que certas "virtudes" são ensinadas. Preferia sentí-las e exercê-las, dentro de todas as limitações e erros que fazem parte desse troço chamado "ser humano".

Creio ser este momento chave para perceber essas três coisas: sentir a liberdade, pensar sobre o(s) meu(s) amor(es) vendo na minha frente como ele se dá com outras pessoas e ainda criar uma forma muito própria de exercer esse perdão (ou não). Acho que essas três coisas juntas me aproximarão de algo parecido com virtude.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Relax

Volto à Curitiba, 12 ou 13 anos depois. Desta vez com várias diferenças até porque, não é um "bate e volta". Agora tenho a possibilidade de realmente conhecer essa cidade, uma vez que estou de fato na cidade e por mais tempo.

A "capital brasileira da ecologia" ou algo assim faz jus ao seu nome. É uma cidade com muitos parques, o verde é bem presente e tudo o mais. O sistema de transportes chama a atenção com vias rápidas exclusivas para ônibus, o que facilita a viagem. O preço da passagem a R$1,90 são bem mais interessante que os famigerados "2 e 10" carioca. E cada ponto de ônibus, a maior parte são aqueles famosos tubos, tem um nome o que facilita a identificação dos locais onde você para bem como a articuação entre os terminais. Tá, não sou aquela pessoa deslumbrada com a cidade lá pelos idos dos anos 90 quando Lerner era tendência....

A cena mais engraçada ocorreu no dia primeiro. Estávamos em um carro e tinha um caminhão que toda hora passava ao nosso lado e às vezes fechando. Me senti naquele filme "O Encurralado". E lá pelas tantas, quando o carro para ao lado do caminhão vem uma batidão de "buatchi" e o que o condutor daquele veículo escutava era "Relax, take it easy" do Mika. E quando a música começou ele aumentou o som... e minutos depois desse emparelhamento, ele aumentava o som para escutar Ana Carolina. Para o meio de transporte e a ocupação dele ouvir a brasileira fazia mais sentido que o libanês.

2008 promete...feliz ano novo a tod@s!