segunda-feira, 4 de maio de 2015

Dance, dance, dance!

Quando pensei no título desse texto, me veio à cabeça o "dance, dance, dance!" do hit "Strike it up" do Black Box. Interessante que me lembro de que no clipe aparecia uma cantora, quando na verdade a voz era da Martha Walsh. Parece que isso foi revelado rapidinho porque na época tinha estourado o escândalo do Milli Vanilli.

Naqueles anos, eu entrando na adolescência, eu comecei aos poucos construindo um gosto musical mais identitário, digamos assim. É diferente da infância quando os gostos parecem mais permeáveis, e eu era aquele tipo que detestava as músicas infantis, em sua maioria. Exceto, talvez, pelo K-7 que eu tinha da "Arca de Noé 2" da BMG/Ariola com as músicas do Vinícius em especial para a Globo.

Lembro-me de meu primo passando férias em casa, ouvindo vários tipos de música, de Sinéad O'Connor à Guns n'Roses que tocava no rádio, passando pelo Bon Jovi. E ele dançava no meio da sala do ap pequeno em que morávamos com uma tremenda flexibilidade. Uma amiga dizia que ele se parecia com uma "minhoca com dor de barriga".

Depois lembro de mim no minúsculo corredor da casa ouvindo cds, que era novidade. Geralmente aos sábados. Era o tempo para dançar de forma desengonçada e ao mesmo tempo cantar as músicas. E como eram em inglês a maioria, torcia para a letra vir no encarte ou apelar para a revista "Letras Traduzidas" da Bizz, que estamos falando de uma época sem internet.

Indo para 2015: hoje eu estava ouvindo o novo CD do grupo francês Jupiter. As músicas me agradaram demais. E cá estava eu, nu, dançando no meio do quarto. E me dei conta da experiência incrível que é isso e como escrevi num poema curto que fiz há uns 17 anos: "dance (...) libertando a emoção que te impede voar".

Incrível porque em 2015 meu espaço é outro, É maior, É privado. Tem espelhos e pude fazer isso sem temer o ridículo. Ao mesmo tempo comecei a reparar mais os meus movimentos, partes do corpo que há tempos não reparava. E percebi que há tempos não dançava assim no quarto.

Hoje faz exatamente um ano que meu pai faleceu. E daí me dei conta de que dançar é uma forma de celebração. E não há razões para esconder isso. Aliás lembro me do jeito debochado que meu pai dançava ao ouvir as músicas que eu colocava, especialmente pelo bate-estaca. E como pude reencontrar de certa forma com uma parte de mim forjada lá atrás e perceber que hoje posso dançar e/ou cantar tanto as músicas que ouvia quando criança (que gosto) como daquele rapaz que via o primo dançando e dali foi construindo o próprio gosto musical. Solto, nu, sem se preocupar com amarras ou vergonhas.

Enfim, descobri o "enlevo, leve" que me permite voar.

2 comentários:

Eduardo de Souza Caxa disse...

Quem tá rodopiando com tanto blog seu sou eu, rsrs. Acho que fico por aqui mesmo, pode ser?

E nada como requebrar as cadeiras sem ninguém olhando! :-)

Didi disse...

Eduardo, pode ficar por aqui. Esse é o blog principal, digamos, que estou retomando agora. Os demais são ideias soltas.

Sim, é maravilhoso requebrar assim. Acho que no fundo um dia chego no estágio do rei Julian de Madagascar hehehehe ;)