segunda-feira, 13 de maio de 2013

Dos balões


Sim, eu me lembro de quando o chamei para ir comigo." Mas esse balão é só de enfeite. Tem como contemplar o céu e as estrelas sem necessidade de subir nele. O céu, visto de baixo é bem maior. Não que eu não gostasse de ver o que há ali em cima com você, mas isso não é tudo". Isso foi tudo que me foi dito, mas...

... de repente estávamos ali no meio da tempestade enquanto subíamos e poderíamos ver toda a paisagem por cima. Disse-lhe que não havia problemas, que ele era bom navegador, que tirava aquilo de letra, ainda que o balão não fosse perfeito e que ajustes eram necessários.

"ah legal!". Isso foi tudo que me foi dito e...

... cessa a tempestade e não sei se caí, não sei se foi sonho, ou apenas um torpor momentâneo. Só sei que estava no meio do deserto. Sem balão, sem tempestade, sem a companhia, sem a habilidade. Senti-me só no frio de uma noite seca com muitas estrelas. Todas inalcançáveis, quaisquer que fossem os balões.

Isso foi tudo que pensei, logo...

... dei conta de que o único diálogo era comigo mesmo. Ali. O que restava era fazer o meu balão. Do meu jeito. Eu era um bom navegador. Não me importunavam a secura ou as aves que piavam no céu disputando alguma coisa que eu não conseguia ver. Vi que o conhecimento estava comigo e que só me restavam achar as peças pro meu próprio voo, para daí decidir quem ia comigo ou não. Mas tudo vinha do zero e...

...esse nada, esse vazio, essa vontade, era tudo que eu tinha, mesmo que não dito.

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