"a fotografia é um documento e um monumento. Ao mesmo tempo que retém uma informação sobre o passado, a fotografia é a imagem que aquela sociedade produziu para o futuro. Fotografia é o passado congelado, atualizado a cada presente."
Quando Liliane perguntou sobre o uso atual da foto ela o tratou de forma bem positiva, a partir justamente desse ponto em que ela chama a foto de "passado congelado atualizado".
Com o uso maior das câmeras digitais, incluindo o aperfeiçoamento delas nos smartphones, bem como a ampliação das redes sociais, muito se discute o aspecto frívolo e instantâneo da fotografia, especialmente no Facebook, Instagram e demais redes. Fora críticas ao nosso narcisismo e repetições de temas: fotos dos bichos de estimação, do espelho da academia na hora do "treino" (sou invocado com essa palavra), da comida na hora do almoço, a selfie do espelho do elevador antes de ir pra night e por aí vai.
E em meio a esse mar de repetições- que não são necessariamente ruins-, pode ser ter também outros olhares. E nessa diversidade podem ser vistas coisas bem interessantes. Ou até mesmo o quanto é revelador aquelas pessoas que fazem a mesma pose naquele determinado ponto turístico. E tal como a psicanálise já tem revelado, seja na teoria freudiana ou na própria clínica em si, a repetição é um de nossos aspectos enquanto humanos. Aliás, uma coisa que a psicologia me trouxe foi ver não só o que há de original, mas também de vulgar, comum e corriqueiro em nós (obrigado, Roscharch pelos seus testes!).
Nesse sentido, culpar a fotografia e as redes sociais por esses temas e repetições parece ser tão sem sentido como acreditar que o olhar por trás da foto é neutro e sem subjetividade. Mesmo para aquela mesma foto do pudim de leite da sobremesa do domingo passado que apareceu na timeline tirada por um contato nosso.
Se com a escrita, passando pela tipografia, jornais, blogs e textões nas redes, pode-se ter uma multiplicidade de ideias pela palavra- incluindo as que consideramos chatas, repetitivas, fúteis ou mesmo violentas- por que o mesmo não pode ser com a imagem? E se a imagem pudesse, tal como a palavra, revelar o que temos de corriqueiro, banal e também criativo e interessante?
Li recentemente uma frase ou ideia atribuída a Carl Sagan em que ele disse que a transmissão do conhecimento é uma das melhores, senão a maior, das invenções humanas. Não descartaria a fotografia no papel dessa transmissão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário