domingo, 11 de setembro de 2011

So the history goes

Não vou fugir ao clichê que muitos já estão enjoados a respeito do 11 de setembro de 2001, que muitos já devem estar de saco cheio em especial pela divulgação já desde a semana passada pela mídia incluindo trocentas análises de pessoas especializadas à palpiteiros de plantão. E como palpiteiro de plantão que sou muitas vezes eis aqui esse post. Não tem como eu não criar uma relação simbólica com os atentados. Minha adolescência e começo da vida adulta- ou adolescência tardia, aquela que vai até os 30, segundo alguns colegas meus de profissão- se confunde com o que eu chamo de "hiato" histórico que vai da Queda do Muro de Berlim/URSS (1989/91) aos atentados promovidos por Osama Bin Laden.

Chamo de hiato porque pareceu para muitos que após os fatos de 89-91 ter-se-ia um triunfo do capitalismo ou mesmo o "fim da história" (Fukuyama) e além disso um fracasso ideológico, ou uma ruptura definitiva de uma espécie de supereu coletivo, uma vez que teriam acabadas as referências políticas que havia sido protagonizadas durante a Guerra Fria. Os atentados mostram uma ligação histórica com o que veio antes. Guardadas as devidas proporções e sabendo estabelecer as conexões históricas corretas, o terrorismo de Bin Laden bem como os problemas na região do Oriente Médio apresenta relações com a política colonialista europeia ao longo dos últimos 500 anos, bem como de interesses da antiga União Soviética versus Estados Unidos, em especial no que tange ao Afeganistão, de onde é alegado o apoio a Osama Bin Laden pela milícia Talibã (ou Taleban como gosta a imprensa paulista) principal inimigo dos soviéticos durante a ocupação daquele país por eles no final dos anos 70 ao fim da Guerra Fria. Fato que é chamado até de "Vietnã soviético".

Se forem pensadas as mudanças no Irã em 1979 (só como um dos vários exemplos) com a chegada ao poder do fundamentalismo teocrático, pode se ter uma ideia de que esse fundamentalismo religioso pode servir para muitos interesses políticos e econômicos. E não se pode esquecer que o próprio governo Bush também teve grande apoio fundamentalista cristão estadunidense. Claro que há muitos outros fatores envolvidos em todos esses fatos, mas o que faço aqui é apenas um recorte observando esse ponto e de como ele pode se servir bem de um suposto "vácuo" ou "hiato" diante de ideologias ou crenças perdidas. Vivi a adolescência, época de luto do corpo infantil e fase de transformação para um novo corpo o que consequentemente causa as grandes mudanças psíquicas, em meio a esse "hiato". Sempre fico pensando nessa analogia em especial na produção artística daquele momento depressivo coletivo e acusado por muitos de pouco criativo (fato que hoje discordo).Minha geração foi a primeira após a geração 60-80 marcada por inúmeras transformações sócio culturais e em função disso foi dito que éramos jovens sem referências de mitos, heróis ou ideologias importantes.

Em 11 de setembro de 2001 o terrorismo pela via trágica impõe a nós que a história ainda não acabou. O que aconteceu ao mundo, assim como comigo, foi uma transformação. Há muita coisa para acontecer ainda em meio a paranoia estabelecida após os atentados. Mas ao menos fica a lição de que como é impossível lidar com decretos permanentes - seja pelo "fim da história" ou pelo fundamentalismo - a respeito do ser humano.

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