domingo, 11 de setembro de 2011

The woman in me shouts out, the man in me just smiles

Ontem foi uma tarde agradável e ao mesmo tempo surpreendente, como acontece nesses sábados com Osmar. Iríamos nos encontrar com uma amiga dele de São Paulo em Ipanema. Em princípio tiraríamos fotos no Arpoador e coisas do tipo. Para nossa surpresa o evento foi outro.

Ficamos na porta do prédio com a tal amiga, uma moça muito agradável e divertida por sinal. Ela dizia que iríamos ver um "futebol de sapatão". Achei interessante e ao mesmo curioso, já que no lado reverso, a maior parte dos meus amigos homossexuais não se interessam por futebol. Não estou querendo reforçar clichês, já que isso daria trocentas mil teses aqui que não vêm ao caso.

Enquanto algumas jogavam, outra moça começou a conversar conosco. Falávamos sobre sexo, amor e amizade, ela especificando em "nosso meio". Foi um papo rápido, porém muito interessante de onde saíram várias reflexões.

Fui fazendo as minhas velhas conexões entre gênero e sexualidade, já que ela comentava da estranha separação entre amor e sexo, assim como meu amigo. Me dei conta que a solteirice me fez pensar melhor a respeito disso. Pensei na forma que nós, homens, somos socializados, de separar esses dois temas.

 O sexo é "valorizado (as aspas coloco porque sexo para mim vai muito além de um ato sexual em que o homem ejacula, que é como é pensado o sexo de um ponto de vista mais conservador) em detrimento do amor. O amor masculino tradicional fica condicionado num estranho plano metafísico: um suposto amor à mulher dedicada a ele e à família. Na verdade um amor maternal transferido e não um amor pela mulher de fato. Ao mesmo tempo pululam histórias e boa parte das canções de amor masculinas falam da perda de um amor perdido. Talvez esteja na expressão artística o limbo desse amor perdido pela mulher. Não sei ainda como desfazer os nós das ideias desse parágrafo.

O amor está no campo das emoções, onde socialmente é algo que mexe em uma verdadeira caixa de Pandora emocional. E como isso não tem valor no mundo "objetivo" masculino é colocado às mulheres e, dada à opressão feminina, o que vem desse campo é desvalorizado.

Penso naquele tipo de perfil em site gay do cara que diz algo como "curto outro macho numa boa, sem frescuras ou cobranças . De quando olharem para gente na rua que somos dois machos amigos, na moral". Acho engraçado o uso dessas gírias e a necessidade de se manter só no campo privado, o mesmo que é dado ás mulheres, certos afetos e às emoções, o que um poderia realmente sentir pelo outro. Isso é "frescura", algo que não pode ser compartilhado em público e, obviamente, mostrar claramente a própria sexualidade.

Aí o Osmar me conta de uma figura que é desenhista e tem horror a ter que olhar para um corpo feminino nu em seu curso ao ter que fazer desenho da mulher nua. Bem, são situações diferentes em que se manifesta essa espécie de horror ao feminino. Talvez pode ser o que aconteceu comigo ao querer, por tempos, deixar de lado o meu lado emocional.

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