quinta-feira, 22 de março de 2012

Enquanto isso, na Câmara de Vereadores...

Bem, estou para transferir este ano meu título eleitoral para Araruama, onde a teocracia neopentecostal é palavra de ordem. Bem, no Rio, dada a sua maior diversidade temos um amálgama de reacionários machistas clássicos, como Carlos Bolsonaro, alguns evangélicos e muitos "escorregadios" em relação à distribuição de material didático contra a homofobia. Em outro post poderei analisar melhor a respeito. Só deixarei aqui as melhores "pérolas" dos nobres veradores que apoiaram o projeto de C.Bolsonaro.

"Meus amigos Vereadores, eu não consigo entender como é que alguns colegas aqui acham que esse assunto é bobeira. Para começar, eu não tenho problema nenhum com a opção sexual de ninguém, com a orientação sexual de ninguém. Mas, a partir do momento que você coloca isso acima da competência, acho que isso é, no mínimo – não vou baixar o nível – inadequado. Então, quanto à sexualidade de qualquer pessoa, eu acho que isso não se discute. Entre quatro paredes cada um faz o que quer. Mas a partir do momento que você cria um programa que estimula, ensina às crianças nas escolas que determinados tipos de comportamento são normais, acho que já começa a ser covardia, principalmente porque todo esse tipo de material é destinado para crianças do primeiro grau. " Carlos Bolsonaro
 "No meu primeiro mandato eu recebi reclamações de pais de alunos que as escolas estavam distribuindo cartilhas ensinando meninos a fazerem carícias em meninos, e meninas em meninas. Fui a Secretária Sonia Mograbi e expliquei a situação, ela desconhecia e quanto à orientação sexual e religiosa cabe aos pais e não as escolas públicas. E o que nós estamos querendo preservar aqui são as famílias. Quero deixar outra coisa clara: eu amo os homossexuais, amo os gays, mas amo a prática deles. Quero deixar isso bem claro e sou a favor (sic) desse projeto." Márcia Teixeira

 "Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, na época dos senhores e das senhores estudando, quando eram crianças, tiveram alguma orientação sexual? Será que estamos mudando realmente para melhor, como ouvi falar a nobre Vereadora Andrea Gouvêa Vieira? Estamos mudando. Mas estamos mudando para onde? Estamos indo para onde? Estamos mudando para melhor, atingindo nossas crianças amanhã? Falamos de ensino fundamental no Rio de Janeiro, volto a dizer. Não sou contra homossexual, homossexualismo, não sou contra nada. Sou totalmente favorável a total liberdade. Mas, não a libertinagem! A liberdade do adulto, o adulto tendo uma vez a sua mentalidade, atingindo uma maturidade, ele faça o que ele bem entender da sua vida! Nem Deus proíbe! Deus nos concede a liberdade! Vamos nós proibir? De jeito nenhum! Mas, ajudarmos a formatar a cabeça de uma criança, dizendo: “Isso pode, isso é normal. Se você quiser, de um jeito ou de outro...” Lógico, Vereador Eliomar, com mensagem subliminar. As pessoas não vão chegar lá e dizer: “Oh, você tem que ser! Vai por aqui, é legal, é isso!” Não vão fazer isso! Claro! Mas, se passará uma idéia, nobre Vereador José Everaldo, de que é comum, é normal, é natural! E não é! Não é! Não é! Na minha casa não é! Na minha casa não será! E onde eu puder falar, não será!" Jorge Braz

 " Eu sei que vai ser solicitada a votação nominal do projeto, e o Partido Republicano Brasileiro é favorável ao projeto do Vereador Carlos Bolsonaro. Até compreendo diversas colocações, de diversos Vereadores. Inclusive quero citar uma aqui, do nobre Vereador Eliomar Coelho, que disse que desde que mundo é mundo existe o homossexual. Compreendo. Observem a pintura desse quadro. De 1925. Eu acho que temos alguns cidadãos ali que estão com uma posição, por exemplo, a mão, enfim, sua posição clássica de estar em pé, diante de um portão, ou do lado de cá. Entendemos. É de 1925 esse quadro. Foi pintado por um artista plástico. Temos ali alguns jesuítas, acredito eu. Até compreendemos. Mas tornar isso público para nossas crianças, como bem disse o Vereador Carlos Bolsonaro, é inadmissível. Como pedagoga, é inadmissível trazermos esse tipo de assunto para as salas de aula. Muito obrigada, Vereador, pelo aparte." Tânia Bastos

 "Eu entendo, como orientação sexual, e bem colocou aqui o Vereador Jorge Braz, o professor, na sala de aula, ele tem obrigação de perceber se o aluno é míope; você está dando aula, você sabe, você tem alunos que são reprovados, quatro, cinco, seis, sete vezes, até o professor descobrir que o aluno não aprendia, porque ele era míope, ele não conseguia ler o que era ensinado na escola. E aquele garoto vai sendo taxado de burro por alguns professores, ou muitos professores que demonstram incompetência total para assumir o magistério.
    O professor, se ele perceber algum desvio de comportamento, algum desvio de ações, de alunos na escola, mormente naquela em que o Vereador Bolsonaro está se preocupando, que é na primeira fase da vida, na infância, a função daquele professor é orientar de que forma? O “orientar”, aí, veio, e coloca, mais uma vez, o Vereador Jorge Braz, não é chamar o aluno e dizer... Não.! É orientar através do contato com os pais; com o Orientador Educacional, com o Psicólogo. E esse conjunto, formado pela família e os técnicos especializados, é que vai dar orientação.
    O que eu vejo aqui, como o Vereador Carlos Bolsonaro coloca, e muito bem – quero até parabenizá-lo, Vereador -, é que estamos banalizando a sexualidade. A sexualidade tem que ser tratada com respeito e com cuidados técnicos, com cuidados científicos. O que nós percebemos é a banalização. O que nós percebemos, e o Vereador Bolsonaro aqui mostrou, através de cartazes, é o suprassumo do nada, é o suprassumo da imbecilidade. Eu costumo chamar, Vereador Eliomar, é o suprassumo da imbecilidade fenotípica, aquela imbecilidade adquirida no meio ambiente em que vivemos.
    Tratar dessa questão... Como é que eu vou tratar? Como é que eu vou deixar o meu neto...? Eu tenho um neto de oito anos, vai fazer oito anos, que se orgulha de dizer: “Vô, já estou com uma namorada na escola”. Eu pergunto: “Ela já sabe?”. Ele diz: “Não, vô. Ela não pode saber que eu sou namorado dela”. Será que uma criança dessa pegar um professor... Porque todo mundo aqui defende a questão do homossexualismo. Aí, na hora que o filho é homossexual, e ele descobre quarenta anos depois, quando o filho já casou com três, ele não admite. Porque ele admite quando é lá no outro." Professor Uóston
 " Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu sinceramente estou achando que eu perdi a tarde hoje, porque até agora eu não consegui entender. Pelo que me consta, ate o presente momento, o que foi que eu entendi com relação ao Projeto do nobre Vereador Carlos Bolsonaro? Onde está a discriminação? Nada disso foi dito pelo nobre Vereador, que alias defendeu o Projeto com muita competência. Eu lhe confesso publicamente, eu não teria condições de defender um Projeto com tanta veemência, com tanta competência. O que foi colocado, salve melhor juízo, é a forma como está sendo conduzida. Ora, gente, uma imagem vale por um milhão de palavras! Quantas vezes a televisão usa as imagens até de forma perversa. Muitas vezes um político é apresentado a uma pessoa de uma conduta não muito ilibada e aquilo é colocado para mídia de forma perversa, tentando jogar aquele cidadão na lata do lixo. Então, foi colocado aqui pelo nobre Vereador Bolsonaro. É a forma, ora, uma criança de 6 anos, qual é o entendimento que essa criança tem? Eu hoje tenho 66 anos, muita gente diz que eu tenho 35, mas eu não tive nenhuma orientação nesta área, e nem por isso aconteceu algo errado na minha vida. O Carlos Bolsonaro não está condenando o acasalamento de pessoas do mesmo sexo. Não foi isso que ele disse aqui. O que ele colocou foi a questão de uma criança de 6 anos... Aquela imagem que ele mostrou de um homem colado atrás do outro. Foi isso que ele mostrou. Então se foi isso que eu entendi, ou se eu entendi diferente, eu gostaria da orientação de vocês."  José Everaldo

 "Sr. Presidente , vou até fazer questão de ler a ementa porque já vi tanto discursos. E essa é uma questão que num ano eleitoral tem posicionamentos, e até se fala muito em preconceito homofobia, mas às vezes alguns discursos são desassociados da pratica. Eu já vi alguns políticos defenderem verbas para passeatas gays. E cada um tem sua forma de expressar a sua religião, a sua forma de entender a vida, mas nesse momento é um momento preocupante porque nós estamos votando aqui exatamente o seguinte: “veda a distribuição, exposição e divulgação de material didático contendo orientações sobre a diversidade sexual nos estabelecimentos de ensino fundamental”. Isso quer dizer, ensino fundamental crianças até mais ou menos 14 anos, claro tem algumas de 15 ou 16 anos. Então quero que os companheiros entendam que as outras questões que foram colocadas aqui podemos discutir até posteriormente. O que o nobre companheiro Adilson Pires disse, eu estava presente na Sessão, ele falou do projeto que criava o dia do hetero, e ele até se colocou favorável a projeto porém não entendia que aquela seria a melhor justificativa. Vejam bem ele foi taxado de homofóbico. Isso que é preconceito. Então o entendendo por que exemplo que o Estatuto da Criança e Adolescente diz que criança é de zero a 12 anos, adolescente é de 12 a 18 anos incompletos. Na minha opinião eu entendo que uma criança de 5, 6, 7 anos não está preparada para receber alguns materiais. Por mais que se diga que a Prefeitura não está fazendo isso! É obvio que não está fazendo. E quero a todos os companheiros que o sinal que a Presidenta Dilma teve que interceder sobre a distribuição dos kits, ora Senhores é possível. O que o nobre companheiro Carlos Bolsonaro está apresentando eu entendo e vou votar favoravelmente ao projeto porque entendo que crianças de 3,4,5,6,7,8,9,10 anos não têm o discernimento, por mais que as pessoas digam que sim. Porque alguns estão defendendo o projeto, mas educaram seus filhos falando de forma diferente! E é isso o que eu quero que vocês entendam. Esse momento é de reflexão, mas também de entendimento.
    Quero dizer que o ECA tem no seu artigo 71 - “A criança e o adolescente têm direito à informação, cultura, lazer, esporte, diversão, espetáculos e produtos e serviços que respeitem a sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento”. Se os adultos não sabem dizer o que é uma criança em desenvolvimento, até que idade? Eu tinha 12 ou 13 anos e tinha um mundo completamente diferente das crianças de 12 e 13 anos.
    Só para finalizar, alguns argumentos falam do bulliyng – que crianças estão se matando porque sofrem bulliyng, porque têm uma orientação sexual diferente da maioria. Temos bulliyng também com o gordinho, com o manquinho, então, por que se coloca apenas nessa situação? Quero encaminhar e lamento que os Vereadores do DEM não estejam aqui, mas a minha colocação é: nada de homofóbico. Aliás, duvido que alguém, aqui dentro, tenha mais amigos que tenham opção sexual diferente da minha do que eu que trabalho no mundo artístico. Não me venham dizer que sou homofóbico! Pelo contrário!
    Sou favorável ao projeto apenas por essa colocação – crianças de 5, 6, 7, 8, 9 anos muitas vezes têm a sua família desestruturada. Claro que a escola cumpre esse papel, mas não é distribuindo material como o kit gay que seria distribuído. Quem teve o trabalho de levar para casa aquele kit está entendendo o que eu estou falando. Quem só fez discurso... realmente vai continuar só fazendo demagogia." Tio Carlos


Recomendo também que se leia o discurso dos 9 deputados contra esse projeto absurdo:

 Adilson Pires (PT), Andrea Gouvêa Vieira (PSDB), Eliomar Coelho (PSOL), Paulo Messina (PV), Paulo Pinheiro (PSOL), Reimnot (PT), Carlinhos Mecânico (PSD), Brizola Neto (PDT) e Teresa Bergher (PSDB).

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