sábado, 10 de março de 2012

A Pedra que Brilha

Drummond, segundo Alvarus (1941)




Aí o Junior no facebook joga esse vídeo de "No Meio do Caminho" do Drummond. Vou embedar aqui sem medo do ECAD (vai que eles fizeram um acordo com a ABL, MEC sei lá e passe a atuar na literatura)




Bem, eu comecei a ler junto com todos eles em voz alta e ainda perceber como seria a palavra "pedra" nos diversos idiomas, finalizando no Tupi onde é dito o clássico "Ita". De Itaboraí, Itaguaí, Itapemirim e, porque não, Itabira, terra natal de Drummond que significa "A pedra que brilha".

Era criança quando Drummond morreu, mas ele foi um enredo feliz para a minha Estação Primeira em 1987. Acho que foi o primeiro samba-enredo que aprendi a cantar e naquele ano defini a minha escola do coração.

Na adolescência, tomei uma certa birra com Drummond, em especial por conta de "No Meio do Caminho". Achava chato, repetitivo, sem sentido, como muitos conservadores devem ter achado lá pelos idos de 1928 quando esse poema foi publicado.

Ontem comecei a lê-lo em voz alta. Hoje também. Momento tenso, deve ser. Em princípio achei que era por conta da prova de amanhã, mas creio que a a falta de conclusão sobre rachaduras na área de serviço devem de alguma forma me intranquilizar. É a atual pedra no meio do meu caminho.

Não foi um exercício de auto-ajuda. Mas mais importante, de auto-descoberta. Algo que tive, por exemplo com Clarice Lispector ao reler "O Primeiro Beijo".

Ler "No Meio do Caminho" não é só perceber o que externamente te incomoda. Pra mim foi um ato de lidar com a minha própria pedra interna e fazê-la brilhar, ainda que muitas vezes os olhos da alma possam dar a desculpa de estarem cansados, retinas fatigadas. E isso não deve ser de fato esquecido.

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