quarta-feira, 28 de março de 2007

Sem cortes

Hoje estava passando a reprise de "Sex in the City" no Multishow. Aquela série sobre 4 mulheres completamente neuróticas, lotada de DRs muitas vezes sem sentido, encarnando a pseudo-complexidade de assuntos de pessoas bem sucedidas na capital do mundo desenvolvido. Muitas vezes apresenta uma psicologia barata como se fosse algo complexo, mesmo assim é um seriado interessante e gostoso de se ver às vezes, em parte pela atuação do elenco e por outro por usar um clichê arquetípico que cola fácil: duas neuróticas obcecadas com um príncipe encantado, cada uma a suma maneira (Charlotte e Carrie) e duas mulheres aparentemente mais independentes (Miranda e Samantha) igualmente neuróticas.

Hoje Charlotte, a mais carola das 4, ficava surpresa pela primeira vez ter visto um cara com o pênis não circuncidado. Quando Samantha - o oposto de Charlotte - pergunta se ela nunca tinha visto um pau "uncut", ela responde "eu sou de Connecticut!". E lá seguia uma dr boba e divertida sobre homens circuncidados x homens não circuncidados.

A circuncisão é um rito que consiste na retirada do prepúcio: a pele que envolve a glande peniana. Ao que me parece, um rito judaico que representa a aliança do homem com Deus. Mais carregado de simbolismo, impossível. Esse mesmo ritual é praticado por mulçumanos e os puritanos protestantes levaram essa prática para os Estados Unidos, combinando a religião com a noção extremamente asséptica que eles têm das coisas, embora hoje em dia já existam organizações voltadas contra a circuncisão. Tanto é que existem filmes pornôs gays que já colocam o pênis "uncut" como um fetiche, coisa que para nós brasileiros é tão corriqueira.

Curiosamente hoje saiu uma recomendação da Organização Mundial de Saúde sobre a circuncisão e a AIDS. Eu já tinha lido pesquisas a respeito do assunto e comparava os índices de AIDS nos países subsaarianos. Nos países islamizados - aqueles em que os homens fazem a circuncisão- os índices de contaminação ao HIV era mais baixo que não havia essa prática.

Isso dá pano pra manga e pode sugerir a idéia de uma circuncisão masculina em massa como forma de evitar o flagelo que a AIDS é na África. Na realidade esse flagelo apresenta uma correlação de forças : guerras, miséria, baixo nível educacional, violência, falta de poder das mulheres em negociar o preservativo na relação, etc. Por outro lado a diferença entre os casos de Doenças Sexualmente Transmissíveis e HIV entre os circuncidados e os "não-circuncidados" se deve ao fato de que os últimos precisam ter uma atenção maior com a higiene peniana, pois o prepúcio esconde uma verdadeira "fauna" de micróbios. Parece que a idéia de "vamos fazer circuncisões em massa" traz algo "prático": todos tiram a pele fora e não há de se preocupar com a limpeza e estaremos livres do HIV. E a coisa não é bem por ai...

Enfim, não sei o que deu na minha cabeça para falar de circuncisão hoje. Deve ser crise de abstinência.

Um comentário:

Keid disse...

Seu post me lembrou um Ponto P que assisti, onde a Penelope clamava aos homens para cuidar da higiente íntima deles. That's so fuckin' true