sexta-feira, 20 de julho de 2007

Essa gente careta e covarde

Eu acho desagradável ter que comentar sobre o maior acidente da história da aviação brasileira. Colocar em palavras o que não pode ser dito: aquele afeto intenso que tem uma representação forte que se chama a dor. E esse deveria ser.

Todavia, como afetos podem ter "n" representações, uma delas me chamou a atenção para escrever esse texto. Aliás, foram várias, em especial o aproveitamento político da situação a despeito da dor das famílias. Não que isso fosse impedimento para políticos, imprensa, sociedade civil e o escambáu gritar contra essa bagunça em que se encontra a nossa aviação, trazendo para a parte Bélgica da Belíndia o que somente a parte Índia está habituada e sofre em questões de segurança, saúde, educação, etc. Não quero fazer deste um discurso panfletário de quinta até porque a morte, nos iguala.



Falando nas representações, uma delas é o aproveitamento político. Já estou imaginando gente do naipe do senador Arthur Virgílio correndo para as câmeras do Jornal Nacional e disparar a demagogia habitual contra o governo...ele e seus companheiros de bancada. Por outro vejo gente como Tarso Genro defendendo com unhas e dentes um governo que, nesse quesito, não pode ser defendido. Eles aparecem e obnulam a dor, a indignação. a tragédia...e do trágico tem-se uma sádica comédia às custas do povo.

E tem também a dona Lúcia Hippolito- uma das famigeradas "meninas do Jô"- mais preocupada em falar se o acidente arranha ou não a imagem do presidente. Afinal, o que deveria desgastar um presidente? Uma fatalidade? Ou a situação que se encontra o país em todos os sentidos? Ou os dois? Ficam aqui minhas indagações.

Pra coroar isso, o sr Marco Aurélio Garcia- flagrado pela Globo que não deixaria barato- e seu asessor de imprensa fazem gestos significativos sobre toda a situação. Mais preocupados com a situação do governo, agem como torcedores de futebol -eles deveriam estar no Pan e não no Planalto- no qual simulam em gestuais o que Cris Nicolotti coloca no seu hit internético. Vendo isso percebemos que o cu- órgão excretório-sexual para homens e mulheres-, tal como a morte, nos iguala. Enquanto os dois senhores comemoram esse "estupro simbólico" da entrevista do vice-presidente da TAM, podemos dizer que esses estão vivos mas, e as pessoas que perderam seus parentes? Termino com os versos de Cazuza "somos todos iguais em desgraça, vamos cantar o blues da piedade pra essa gente careta e covarde". Pra eles ainda lhes restam isso, para as famílias só a dor, a revolta e a indignação com tudo isso.

Um comentário:

EDUARDO OLIVEIRA FREIRE disse...

Concordo com você.

http://dudu.oliva.blog.uol.com.br/