terça-feira, 16 de outubro de 2007

É preciso idolatrar a dúvida

Contradição...dialética. Presente em várias formas do pensar..presente em nós mesmos. Somo os seres da não coerência e buscamos ela, mesmo em tempos em que a mesma parece distante. Sem falar em certas posturas coerentes que buscam combater outras posturas também coerentes, caindo no mesmo erro dogmático que elas...eu prefiro me permitir à contradição, já que a coerência, na verdade, não existe. É uma busca de tolos neuróticos que buscam em si uma espécie de certeza quase divina.

Falando em divino, talvez por isso me permita à coerência de ser católico, ir à missa quando quero, usar camisinha transando com alguém do mesmo sexo....incoerente, deixe-me sê-lo.

Para Cazuza, seu partido era um coração partido e as ilusões foram todas perdidas. Gosto de Wilde quando afirma nas palavras de Lorde Henry em "O retrato de Dorian Gray" o comentário "a fidelidade é para a vida emocional o mesmo que a coerência para a vida intelectual: mera admissão de fracasso".

Talvez a minha última noitada e uma frase longínqua martelando na minha cabeça ( "você se parece com nada e não lembra porra nenhuma") foi uma forma de revitalizar isso...longe de padrões, gostos específicos e fechados, encerrados como uma ridícula prisão de sei mesmo, incluindo aí a forma de se vestir e, pior, acreditar piamente que é uma pessoa "independente". Sou um homem de orgulhos bestas, admito, mas pelo menos o que mais gosto é saber que eles são, sobretudo, meus e me permito às minhas dúvidas "e tudo e tal".

Termino com versos do mestre Murilo Mendes, a despeito de certos leitores não apreciarem poesias:



Eu vim
Murilo Mendes

Eu não nasci no começo desse século.
Eu nasci no plano do eterno.
Eu nasci de mil vidas superpostas.
Nasci de mil ternuras desdobradas.
Eu vim para conhecer o mal e o bem.
E para separar o mal e o bem.
Eu vim para amar e ser desamado.
Eu vim para ignorar os grandes e consolidar os pequenos.
Eu não vim construir a minha riqueza.
Não vim construir a minha própria riqueza.
Mas não vim para destruir a riqueza dos outros.
Eu vim para reprimir o choro formidável.
Esse choro formidável que as gerações anteriores me transmitiram.
Eu vim para experimentar a dúvida e a contradição.
E aprendi que é preciso idolatrar a dúvida.

4 comentários:

Rodrigo disse...

Bem, saudade sucks e discordo do Mr. Wilde. Fidelidade está longe de ser considerada admissão de fracasso na vida emocional. Muito pelo contrário!

Rodrigo disse...

(se bem que eu acho que no fundo, no fundo, não entendi merda nenhuma dessa postagem)

Querendo Mudar disse...

Entendi porra nehuma dessa postagem..ta muito subjetiva, e em camadas hehehehe.
Agora, fidelidade não é fracasso, é resultado de muito esforço e da certeza do que se quer. Mr Wilde foi uma bicha muito uó desta vez.

Matheus Henrique disse...

uma vez eu estranhamente resolvi ir a balada com uma camiseta da Adidas. Aí um senhorinho me chamou de gordo. e minha vida nunca mais foi a mesma.