domingo, 2 de maio de 2010

Revolução Solar

Então tá. Primeiro post de maio e o tema mais óbvio: o meu aniversário do último 27. E como no ano passado ele é capaz de me fazer passar- a companhia do meu querido Osmar, obviamente - situações bizarras capazes de gerar textos estranhos, herméticos que daqui a algum tempo nem nós seremos capazes de entender o que está escrito. Acabei de lê-lo por cima e tive essa sensação. Parece mais texto do "A Vida Que Sonhei", meu blog de sonhos, tão bissexto quanto esse.

Quarta, dia de Marte saturnizado

Há na travessia uma sensação estranha. Aqueles dois praticamente jazem lá atrás, pernas espalhadas no banco da frente. Estão á vontade, como se fosse em casa. Mais na frente um cinquentão vacilante em suas mãos sobre a calça e na mão esquerda sente as contas do terço. Não sei se reza, mas à direita - dele e não do Pai- o que a mão toca é exatamente outra coisa.

Ao descer por pouco não pego o ônibus errado... "esse aqui é o Gávea" me diz o cobrador a tempo de esperar o próximo para o Leme, coisa que não demora muito. Coisa rara, aliás. De qualquer forma a viagem é tranquila, até a bexiga encher e me forçar a uma parada na casa dos tios, antes de seguir para Copacabana e sentir o toque da "Sistah" até o Aterro.

Quinta, Jupiter

Apesar do nome do deus nada é "agigantado" durante o dia, exceto pela saída noturna. Um casal óbvio - o coroa para para o menos coroa e mais bonito a creveja - o papo com o garçom de sempre, um casal jovem improvável MG-SP naquele local e um bonitão que entra e sai rapidamente para fazer-nos passar raiva na noite seguinte.

Sexta, tudo acontece até no caminho para a serra

Último dia para entregar a declaração do IR e depois de algumas conferências - e insistências - com o programa o troço flui. Momento de seguir para o centro da cidade, guardas municipais, uma tia parecida com minha mãe com lenço no cabelo - era entidade mandada, tenho certeza, porque eu não passei Monange na suvaqueira- e eis que descubro que Nova Friburgo e o atual desenvolvimento tecnológico dos celulares proporciona momento agradável e, por que não, improvável, para um certo alguém.

Sim, tem a Embaixada do país africano, as revistas de umbanda, consciência negra e turismo sobre a mesa e no meio da consulta a tecnologia avançada ainda dá seus sinais para as primeiras definições - ainda não concluídas- da situação anterior. Terno, gravata, cheques assinados e mais outro ônibus. Encaradas no caminho para pegar o ônibus em meio ao caos da cidade. Ao entrar o efeito de braços acontece enquanto alguém cisma em um chat num NEXTEL com internet e incessantemente conversa com uma certa Luciana Botelho. Venci a discrição, pois os desejos de olhar e de saber já nos acompanham desde a infância e no fim das contas valeu a pena o jogo de braços.

A sexta ainda prometia no mesmo local da noite anterior, com mais gente. Outra mão inquieta do coroa de gosto, talvez, superespecífico. Uma criatura com cara de polonês, uma versão jovem do Papa de outrora o que o fez ganhar o apelido de Wojtyła dançava do mesmo jeito a noite toda como um robozinho e ficava voyerusticamente acompanhando os beijos e sarros dos outros casais, inclusive um que se assemelhava a um dos vários desafetos de um amigo. Não teve jeito edada a demora do sósia ilustre em querer algo, tive que usar meu marte-urano no canto da parede com a velha conferência da mão em mim. Será que era para conferir o mito sobre negão?
E claro, tem aquele momento para passar raiva em que o belo da noite anterior cata uma das coisas mais feias ali...mas isso lá é regra e gordo bonito pegando feio é mais irritante que magro bonito fazendo o mesmo, foi a estranha conclusão do fim daquela noite.

Sábado

O telefonema que não chega. Celulares que não funcionam. Expectativas. 415. Tijuca. O desejo de fazer um Fla x Flu, sublimado depois da ideia do clássico entre os tricolores gaúcho e carioca. Livros e fotos. Conversas sobre a submissão do mesmo escravo do ano passado. Carros com placas da Região do Lagos em rua que me fez sentir no interior. O sinal estranho e instântaneo. Uma mulher com muitas crianças e uma barraqueira magrela com pinta de nega maluca do carnaval com seu sarará diz algo a alguém que desconheço. Lá atrás as belezas cuja diversão foi devidamente estragada. Bingo para o desejo de sempre detonar gorda que só quer saber de magro. É uma forma interessante de sadismo, definitivamente. E ainda o paraíba das madeiras que também fica em uma situação estranha, isso já depois da saída dos dois candidatos a amantes de 30 minutos.

Resta ainda descer e na esquina ver algo interessante e ter disposição para tomar uma cerveja e uma coca. Mas o algo interessante acaba ficando desinteressante frente a coroa tipicamente copacabanense - que agora tá de mudança definitiva para o Recreio- fala sobre seu cachorro, a vida em Copa, da filha (ou filho) travesti (foi isso mesmo que ouvir?) que viria da Suíça para o Brasil para trocar a prótese de silicone. Ficamos fãs da tiazinha!

Daí tem a noitada com tarot, precedida por um acidente doméstico no qual o anel insiste em ficar no dedo da bela moça prestes a desfilar sua beleza em uma fezta de 15 anos. Há também um velho de bengala que parece uma entidade a nos perseguir, pega o 434 e desce no mesmo local nosso, e uns lekes com pinta de "escola pública" que não parecem ser cariocas e um deles, para usar o termo cunhado pelo meu querido Bruno, era Rede Shop...se bem que pela pinta poderia aceitar até mesmo um ticket refeição ou um Riocard.

Estou estranho, reconheço e com sono, mas ficar na companhia de 4 cinquentonas divorciadas divetidíssimas falando de suas viagens, amores, desejos, sexo e tudo o mais pode ser sim uma experiência e tanto. Já ouviram falar que 50 é o novo 30? Daqui a 18 anos, quem sabe poderei dizer o mesmo.

Muitas cartas, revelações, gatos passeando sob meus pés e resta-nos Botafogo às escuras no caminho de volta e a recordação de um prédio, um castelo nos fundos onde mora um príncipe que virou sapo de uma hora para outra e por vontade própria. Creio que é filme segundo do Shrek. E depois de passar naqueles lugares supostamente indies em que todos tem a mesma cara e a mesma roupa, o alternativo são o que a sacola do mercado do paraíba no ponto esconde enquanto a sua van para o Vidigal impeça que saibamos mais. E vem uma negona bonita, vestida de forma vulgar como pede o seu ofício, uma diva daquela noite vem com um viado careca. Sim, é uma situação bizarra, mas o timbre da voz e o gesto sobre sua calça de ginástica não deixam margem para dúvida.

Então que venha o meu novo ano pessoal com todas essas bizarrices ainda sem respostas.

Um comentário:

Suiá Dylan disse...

50 são os novos 30! eu que tenho 30 sempre digo isso, pq os meus 30 se parecem com 20. hahahahah!