sábado, 19 de fevereiro de 2011

Caminhos Geológicos

Olá meu caro,

A profusão de coisas loucas prosseguem. Muitas delas em sua companhia. Você acredita que me lembrei de ti ontem ao passar em Niterói e ver uma espécie de sede de alguma instituição estadual que fala do projeto Caminhos Geológicos. E nós sabemos as razões disso, pois sempre nos surpreendemos, no sentido literal e figurado com esses pontos mostrados pelo projeto e que para nós se tornou uma metáfora. Somos homens das Baixadas Litorâneas. Em meio de uma planície de lagoas salgadas podemos nos surpreender, encostado ao fundo, com algum desses pontos. Parece que todo o litoral do Estado do Rio é assim, não é mesmo?

E essas surpresas podem ser pontos - ok, mais que pontos - que aparecem em toda parte de várias formas e sob várias cores. E a vida, que sempre chamamos de tirana, nesse aspecto prega as suas peças e vem com certas surpresas esquisitas. Tanto para o meu lado como para o teu.

Eu com essa minha mania de "3 na 12" tenho a capacidade de me interessar caoticamente por vários assuntos. Nunca decorei as Eras Geológicas, mas me impressiona, por exemplo, ao voltar para a casa e reparar a Serra do Matogrosso - aquela que te dá enjoos - e imaginar que aquilo tudo levou milhões de anos para se formar nessa sucessão de eras.]

E hoje pensei nas diversas eras de uma parte que suas emoções passam. Contei aquelas que vivi desde que nos conhecemos. Pensei também nas minhas eras.

A sua era atual parece ter um engraçado jogo de espelhos. Uma palavra dita aqui por você e outra dita pelo seu novo outro. Elas são pronunciadas com uma dose de cautela e ao mesmo tempo carregadas com a energia de dizer as coisas na lata que lhe é característica. É como assobiar e chupar cana com elas, coisa que tenho dificuldade em fazer.

E as regras, você que ao mesmo tempo convive com elas - até por força de seu trabalho- e ao mesmo tempo é rebelde com elas? Parece que elas, para reforçar a tirania da vida, veio com uma série de impedimentos para evitar esse seu novo encontro. E nesse encontro que não acontece é que se desenvolve a sua nova era pessoal. Devagar, como sedimentos que vão se depositando nas baixadas e rochas que mudam de forma com o passar desses milhões de anos. O mais engraçado que as regras alimentam o narcisismo do outro, nessa mistura de "não posso" com uma dose forte de provocação, por muitas vezes velada.

Em princípio pode parecer que você está perdido, mas por te conhecer bem, nesses seus caminhos não geológicos, você sabe exatamente o terreno que pisa. E que se for ter uma desilusão, que tenha. Você se permite a ser vivo e não se perde ou deixa de ser feliz para alimentar uma bobagem que venha a dizer "oh como sou gostoso", mas sem nada concreto efetivamente. Você é criatura da ação, ainda que em meio a brumas e madrugadas ou noites curtas entre a televisão e a hora de fazer a janta.

Agora em meio a florestas em que o sol não parece dourar a copa das árvores mas revela o prateado das águas você deixa fluir suas emoções. O que vem depois dessa era, não sei. O barato agora é vivê-la e enquanto isso não só acompanho, mas vamos nessa caminhada louca preparada por essa senhora tirana chamada vida.

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