segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Araruama e a sua Parada

Ontem Araruama teve a sua Primeira Parada do Orgulho LGBT. Mal divulgada, por razões óbvias, mas valeu o empenho do pessoal do Araruama Free, bem como a colaboração do Cabo Free, além de outras entidade.

A primeira coisa, inevitável, é fazer a comparação com as paradas do Rio e São Paulo. Não como crítica, mas como diferenças que existem por ter diferença entre cidades com 10, 5 milhões de habitantes para uma de 100 mil no interior fluminense.

Aqui havia apenas um trio elétrico e não sei precisar o número de pessoas, mas era pequeno. Ainda assim a parada correu sem problemas e todos puderam se divertir.

Na parte discurso político notei a diferença do discurso. Claro que há as semelhanças nas críticas aos homofóbicos de plantão do meu Brasil Varonil, como Malafaia, Garotinho e Bolsonaro. No entanto, o discurso da militância tinha um lado mais pessoal que um pensamento "macro-político". Em outras palavras, as críticas eram diretas e válidas ao movimento evangélico da cidade e os militantes traziam seus depoimentos pessoais, familiares para argumentar contra a homofobia. Foi diferente do que já tinha visto nas grandes cidades e achei interessante ver as coisas também por esses viés. E também contou com a ajuda de outras organizações do interior do Estado. O melhor é que a maioria dos presentes prestou a atenção no que estava sendo dito, mesmo estando loucos para "fever". E vamos combinar e sermos menos hipócritas de que queremos discursos políticos em 6, 7 horas de parada ou reduzir a ação política apenas em um dia de parada. Ela deve ser vista como um detalhe importante em meio às lutas da causa LGBT.

Me deu a impressão que em um feriadão com show do Exalta Samba na cidade naquela noite havia muitas pessoas de fora. A pergunta também é: quem não é de fora em Araruama? Sejam os turistas ou pessoas que moram mas que vieram da capital como eu.

E o prefeito se ausenta por motivos políticos- entenda-se voto evangélico no pleito de 2012- e manda sua mãe para a Parada. Isso não melindrou o rapaz do Araruama Free falar a verdade, que esta é uma terra de coronéis. Se pensarmos bem, dentro do discurso que foca a militância LGBT podemos pensar como a política que pretende nos amordaçar, bater e matar também o faz com a população em geral.

Outro ponto interessante quando se está no interior é que as pessoas que ali estão lhe são mais próximas. A representante do Araruama Free é Guarda Municipal na cidade. O gordinho que dança com as drags é  o rapaz que trabalha no mercado. O menino da lan house está lá dançando com todos na pista, enfim é uma atmosfera diferente do que eu já estava habituado.

Enfim, em sua pequenez, a Parada mostrou sua grandeza, com suas características e acima dos obstáculos que lhe foram impostas. Que venham as outras.

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