segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Televisão (ainda) comanda a nação

Neste papo todo sobre a suspensão de Rafinha Bastos do CQC o que me vem à mente é outra coisa. Não apenas a discussão dos "limites do humor" ou algo que o valha, mas de uma coisa muito mais antiga, talvez de 60 anos de idade: o poder da televisão.

Creio que já liquididifiquei alguma vez uma referência sobre a música do Daft Punk chamada "Television Rules the Nation". Em plena euforia e hypes em torno da internet achei o título defasado. Engano meu. O caso Rafinha prova que a ideia do duo francês procede.

A televisão, por mais que se fale da diminuição da audiência com o advento da internet e sua popularização ainda tem o seu poder. Não estudei comunicação social, mas é fato que  muitos dos chamados webhits e downloads de conteúdos via web são, justamente, produtos feitos pela e para televisão.

Rafinha tem seus seguidores no twitter e afins e ganhou o tal título de "personalidade influente". Nessas redes já falou muita bobagem, mas nenhuma que lhe valesse uma suspensão. Acontece que internet é veículo (com ressalvas) selecionados por quem navega. TV é um tiro no escuro e vai para a grande massa. Em programa ao vivo, o risco aumenta exponencialmente.

Quando li a entrevista deste rapaz na Rolling Stones, pensei "esse cara ainda não sacou que a televisão pode colocá-lo no céu ou no inferno". E basta seguir o encadeamento: zoar a Wanessa, que é mulher do Buaiz que é sócio do Ronaldo que mesmo gordo e fora de atividade é uma marca poderosíssima. Bastou um piti do "fenômeno" em não aparecer em programas da Band que a pressão de Jonny Saad deve ter subido a 30 por 19. E daí para suspensão foi um pulo e um grito.

Ano que vem faz 20 anos do impeachment de Collor. Um presidente cuja eleição teve papel decisivo da mídia assim como a sua saída. E esse poder ainda é atual.

E são justamente os anunciantes que contam. Não adianta bancar o "enfant terrible" a esmo se tem um conglomerado de empresas pagando o seu salário e com interesses mercadológicos. Quer ser subversivo, siga o conselho de Flora de "A Favorita": ironia é pra gente engraçada e inteligente. Faltou isso ao Rafinha. É como diz um amigo meu, cuidado ao cair nos extremos, porque senão você pula para o outro como a cobra que morde o próprio rabo. Rafinha mordeu a sua ao querer ser "maldito" e caiu na inocência de achar que era maior que essa caixa quadrada cheia de assombrações, como seu colega de bancada, Marcelo Tas - esse profundo conhecedor de mídia que não deu um toque pro amigo - costuma se referir à TV.

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