domingo, 5 de fevereiro de 2017

Sobre a imaginação

Um exercício que me foi proposto uma vez foi fazer um texto com todas as coisas que estivessem na minha cabeça. Sem censura, numa espécie de fluxo. O objetivo era explicar mais ou menos o que a psicanálise queria dizer com a associação livre. Adorei fazer este exercício.

Estes dias, pensando muito em questões existenciais me deparei com a minha própria capacidade de imaginar coisas. Um exercício pessoal que faço desde sempre é fechar os olhos quando ouço uma música. Ela me transporta para lugares e situações como se fossem um sonho, sem que eu tenha um controle sobre o que está acontecendo em cena. E fazia muito tempo que eu não fazia isso e achei que tivesse perdido essa capacidade. Ledo engano.

Uma das coisas boas em que senti efeito imediato foi a redução da minha ansiedade e uma noite de sono tranquila. Ainda mais considerando que em uma dessas vezes eu estava dormindo fora da minha casa e eu costumo dormir pouco fora dela. Durmo tarde e acordo muito cedo, porque me causa estranheza.

Talvez esse escape trazido pela imaginação, por mais que as imagens sejam, em tese, sem controle, me fazem estar comigo mesmo sem a interferência externa. Ou ao menos ela é atenuada. E de fato, estar com partes de mim, ainda que aparentemente desconhecidas, é estar em casa. Faz sentido.

Termino esse texto com essa música da Rita Lee e lembrando da dra Nise da Silveira, que viu a associação livre e a imaginação de seus pacientes não como um sinal de que era algo apenas patológico, mas algo com uma força criativa, artística, muito grande.


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