quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Os Descendentes



Ok, ainda no esquema oscar 2012, o filme de hoje é "Os Descendentes", de Alexander Payne (o mesmo de Sideways que comecei a ver com Fabi mas não vi todo). Um filme que concorre nos Oscars mais comentados, a saber:  melhor filme, melhor ator (George Clooney), melhor direção,  edição (Kevin Tent , de  filmes com Payne e uma curiosidade, Emmanuelle 5 de 1987) e roteiro adaptado (categoria que Payne divide com os atores Nat Faxon e Jim Rash). Roteiro baseado na obra de Kaui Hart Hemmings, que faz uma ponta no filme como secretária do protagonista.

A primeira vista o filme me pareceu um mix de Supercine com Sessão da Tarde: Matt King (Clooney) é um advogado workaholic que se vê de repente envolvido no cuidado das filhas por causa de um acidente que deixa a esposa em estado de coma. Tudo para ser aquele dramalhão básico se não fossem as sutilezas.

Tecnicamente o filme é correto e conta com ótima atuação de Clooney bem como de Shailene Woodley e Amara Miller que vivem as filhas Alexandra e Scottie respectivamente. Elas conseguem dar o tom certo ao fazer duas adolescentes com seus problemas, reforçados pela ausência parental, mas sem cair na caricatura.

Ai que está o tom do filme. Ele é solar como pede o seu cenário, o Havaí com praias e a maior parte das cenas (externas) ambientadas durante o dia, aproveitando bem a exuberância do arquipélago. Mas diferente de uma Ilha da Fantasia ali, com personagens muito comuns - a exemplo de Beleza Americana, com neuroses menos evidentes- vai se percebendo os não ditos, os conteúdos recalcados familiares que coordenam aquela família desestruturada afetivamente e que vai juntando os seus cacos na medida em que Matt tem que lidar com as filhas, a traição da esposa e questões familiares quanto a venda de terras paradisíacas de sua família.

O filme não propõe uma solução imediata no estilo "e todos foram felizes para sempre", mas dá uma dimensão humana e a possibilidade de continuidade, coisa que uma "felicidade eterna" abortaria. Com um texto leve e bem humorado muitas vezes vai se revelando uma série de conflitos e temas como amor, perdão, traição, atenção e entre tantos outros afetos vão aparecendo e cativando o espectador mais sensível.

Não considero o filme uma joia, mas muito bem feito e que sim, provoca ótima reflexão dentro de sua direção "correta". Valeu a pena!

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