terça-feira, 10 de abril de 2012

O Tempo no deserto













I

O vento sopra em um deserto chamado Alma
e sussurra no ouvido um monte de conselhos
a ordem de olhar para a areia que faz brilho
e reflete a imagem inacabada do cansaço

Faz-se um pacto com o Sol
de que seu tempo, naquele dia é breve
faça e não se recuse ao teu papel de queima
para que não brigue com a Lua na outra parte do dia

À noite, com a luz-satélite
a imagem aparece, tímida
contando frustrações, revelvando sentimentos

E diz que não há ideia frustrada
o "cuide-se" se mantém e avisa
deixe o Sol fazer sua parte

II

Antes de entrar na teia de prazeres
a tenda no meio do deserto onde infelizes se encontram
tenta, ao menos um último contato
e nas mãos, tinha a areia de sua ampulheta

Por ela saberás que não há deuses a satisfazer caprichos
E que no deserto todas as vontades aumentam
castigam bravas em meio a um falso drama
a a viagem ainda persiste

Pega-se o caminho da tenda
lá, onde com o Sol ou Lua
o cuidado já é conhecido e sabido

E faça dela a tua morada
o teu tempo e o teu jeito
e não um reino de pequenos desprezos

III

Hora do reinício, o corpo ainda dorme
o tempo ainda é pouco
e o teto da tenda é frágil
a tempestade de areia se aproxima

De que adianta dizer que, no deserto
há areias de cores diferentes e que
a areia de tua cor é igual a todas as outras
se é você mesmo que as pinta e vende como original

Esqueça-se o mercador e os falsos produtos de tua boca
tua raiva quando a origem do que vende é descoberta
e que a alma infeliz dele não cabe neste deserto

Deixar que o Tempo reinicie por si mesmo
tentando consertar seus próprios estragos
fique na porta, escutando o vento, como música

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