sexta-feira, 31 de março de 2017

Sobre o sonho da "Viagem"

Momento de pensar sobre mais um sonho que eu tive. E este foi uma forma de mostrar aspectos tanto sexuais, especialmente os masculinos, lotado de símbolos fálicos.

Primeiro tem a questão da viagem. Estou em um carro e tal e fazendo massagem em um homem que está no banco da frente e é inevitável que eu não me lembre de uma cena em uma das festas da época de faculdade. Eu me lembro, já na vida real,  de que estava com 3 colegas e a menina que estava do meu lado fazia massagem no motorista, que dali a pouco viria a ser seu namorado. Eu pra poder imitar e me sentir junto ao grupo faço o mesmo na colega que está no banco do carona. Só que eu não me lembro quem era a colega. O fato é que o sonho substituiu a moça por um rapaz, cuja imagem é de um ator que sempre faz papéis menores em novelas. É o caso de pensar tanto na quebra de tabus, de reverter o papel masculino de força pro carinho e a presença de um homem que mal tem presença em novelas, a forma de dramaturgia favorita minha. Talvez seja a necessidade da presença de um homem que não se destaque tanto, que não tenha essa necessidade, dentro de uma representação lida como mais "feminina". E ainda, a palavra "viagem" (que aparece duas vezes neste sonho) remete ao apelido de um grande amigo de faculdade, que entre os homens que conheci, justamente era um cara menos heteronormativo.

Daí surgem postes. Um novo no meu terreno cujo sentido não entendo e os cabos e as bolas (isso mesmo, Dr Freud). E a ideia de dar e receber energia. Isso tem muito, mais muito a ver com o papel sexual, não só de ativo e de passivo, mas bem como a questão do saber receber aquilo que vem do outro, que é uma questão grande pra mim. Sem falar que há um fiscal, talvez ali uma representação do supereu, uma cobrança. Um símbolo fálico (a torre) que parece ser algo que já conheço e que tecnicamente deveria estar do lado de fora pois há nela muita energia e no entanto quando eu me ergo (auto afirmação?) ela é algo pequeno e não substitui o que eu já tenho (o poste velho) e que no entanto precisa ser mudado. Resumidamente é como se dissesse que a minha auto-afirmação precisa de coisas que precisam ser mudadas, mas que isso depende de mim, sem nenhum ônus, não serei cobrado por isso (a ausência de multa). E no frigir dos ovos o fiscal não fiscaliza nada, é só um ator, alguém que busca o reconhecimento.

E esse reconhecimento vem das mulheres. Interessante observá-las no sonho, pois parte da ausência da figura paterna e presença da materna. E na noite antes de dormir conversava com amigos as melhores coisas da vida (comer, transar e dormir, nessa ordem) e eis que surgem ali, ao meu lado uma série de coisas gostosa em necessidade de esforço pra obtê-las. No plano real tenho preguiça de ir à padaria e tenho um vizinho que de vez em quando passa vendendo pão. Os bolos e os doces são exatamente um símbolo desse prazer, feito por mãos femininas. O "feminino" que há em mim, familiar, tão próximo e que eu por vezes desconheço (faz tempo que elas não me veem, o fato de desconhecer que elas estão ali perto de mim vendendo aqueles bolos).

Por fim aparece mais uma vez a "viagem", que foi o eufemismo pra morte do meu pai. A viagem significa isso, uma mudança de lugar, uma quebra de algo que está sempre presente em mim (o velho poste) por um novo, que dependerá de mim para trocá-lo. A morte do pai, ou seja, não é mais ele em campo, mas eu. Tanto é que há isso na parte final do sonho: meu pai querendo verificar se tudo já foi arrumado quando eu e minha mãe já fizemos isso e então vem a desculpa de querer verificar o sono. Mas eu preciso entregar-lhe o celular com a luz pra poder ver. Eu sou então a minha própria luz.

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