sábado, 14 de abril de 2007

Hipocrisia do dia

Primeiro, a notícia



RJ: meia-entrada estudantil está sob investigação
Promotor instaurou processo depois que constatou excesso de carteiras fraudulentas.
Ubes defende a meia-entrada e pede providências para o presidente Lula.


Renata Granchi

O promotor Rodrigo Terra, da 2ª Promotoria de Justiça da Defesa do Consumidor, instaurou inquérito na segunda-feira (9) para apurar o uso e a distribuição indevida das carteirinhas de estudante, que permite meia-entrada nos eventos culturais da cidade, como cinemas, teatro e shows. Segundo Terra, a "festa da meia-entrada" é responsável por 70% do total dos ingressos hoje comercializados nos cinemas do Rio.

Ele pretende investigar como os convênios com instituições privadas são feitos para, em seguida, qualificar quem está agindo de forma ilícita. Terra diz também que o processo não pretende incriminar ninguém, mas apenas regulamentar o setor. “O objetivo do inquérito é regularizar a atuação das entidades responsáveis pela emissão das carteiras de estudantes”, diz o promotor, que suspeita de fraude na distribuição das carteiras.

Ele lembra ainda que a carteira tem a missão de facilitar o acesso à cultura do estudante, que não tem poder aquisitivo semelhante a quem apenas trabalha. “A lógica da coisa é que você seja estudante. Ou seja, que a pessoa seja comprometida a ponto que não possa fazer uma atividade como as outras pessoas exercem e, por isso, não tenha poder aquisitivo”, explica.


Vivemos em um país em que leis são feitas muitas vezes para serem burladas. Um exemplo clássico disso é a cínica campanha anti-pirataria em uma indústria que vende cds a 40 reais em um país em que o salário do trabalhador em geral é uma piada. Mas na Belíndia - pegando carona no termo criado por Edmar Bacha - as coisas são assim: se vc está na parte "Bélgica" preços altos porque você pode pagar...se está na porção "India", contente-se e vá lavar o chão dos que vivem na outra parte.

Aí está a hipocrisia: fez-se a lei da meia-entrada para garantir o acesso dos estudantes. E o que os exibidores fazem, bem como produções de shows e teatros? Colocam o preço do ingresso nas alturas, argumentando cinicamente o "excesso de meia entrada"....ou seja, no fim das contas o estudante que realmente não tem grana, estuda em um colégio municipal/estadual continua sem acesso aos espetáculos. Ou alguem me explica o fato de uma entrada de cinema custar o mesmo que um ingresso de teatro, pelo menos nos teatros da Prefeitura carioca que, bem ou mal, coloca o preço do ingresso (inteiro) por 15 reais, um preço razoável considerando que se paga atores, produção do espetáculo, espaço, etc e não sobre um produto já gravado.

2 comentários:

EDUARDO OLIVEIRA FREIRE disse...

Preecisa haver uma longa discussão ética e uma reforma vewrdadeira no Brasil.
http://dudu.oliva.blog.uol.com.br/

Matias disse...

Adoro este assunto e seus personagens. Os estudantes, que parecem querer mais que os outros se fodam do que que eles sejam beneficiados. Os legisladores, que certamente pensaram que todo mundo ia manter, estoicamente, o valor do ingresso e torcer pra não irem muitos estudantes e levar prejuízo. E o melhor de tudo, os organizadores dos espetáculos, que parecem por uma vez ser cúmplices dos espectadores, e usar artimanhas já não em benefício dos estudantes, mas em benefício de quem não é, que é também o seu próprio benefício.
Sejamos felizes com nossas carteirinhas falsifics.