terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Liquididificando o lusco-fusco

Sim, é horrível estar em pleno verão carioca com aquele clima de mormaço, chuvinha chata e rala que enche o saco e que nos acovarda dentro de casa. Saídas? No máximo para pegar aquele remédio e um pé de alface crespa, porque a americana não tinha. Americana só a gringa no caixa que deve ter pago a viagem dela em trocentras prestações e o brasileiro ao seu lado tinha que converter todos os valores para ela de real para dólares, o que ela fez deixar abandonado a bandeja de abacaxis cortados e desistir da caixinha de fruta-do-conde. Nunca imaginei que o valor em moeda brasileira assustaria alguém do chamado primeiro mundo um dia. Itamar, FHC e Lula, um beijo pra vocês três. Que a Vana não cague no maiô da enconomia.

Tudo bem, não há de reclamar. Hoje teve estrogonofe e seu medo das crianças estarem por perto da comida. É algo tenso, eu sei. Assim como a água da rua que molha teus chinelos ou a sua tentativa frustrada de não deixar a guimba de cigarro queimar o lixo do depósito da COMLURB o que te fez meter a mão em papéis sujos e te fez sentir como se tivesse brincado de Tio Patinhas no aterro sanitário de Gramacho. Tudo bem, peça ao nosso man-fetish de um filme alternativo que nunca rodamos para abrir a porta de serviço assim lavemos os pés e deixe as mãos para o x-14 lá em cima, para remover o cigarro e o chorume que não existe entre teus dedos.

O besteirol que passa na tv e a internet nos distraem. Mas o calor desse dia criam um clima kafkaniano no quarto a ponto que se não saírmos, nós, os Samsas do Posto 5, nos sentiremos pior do que qualquer inseto. A visão das areias hão de salvar o dia.

Atravessemos e tornemos isso uma visão em caleidoscópio com visões listradas, azul esverdeado, vermelho e aquele branco quase transparente que faz o coração bater mais rápido e esquecermos das dormências dos pés. Ali naquele ponto branco quase transparente corpos cavernosos e esponjosos fazem o trabalho de fluxo sanguíneo. O mesmo fluxo que dispara adrenalina e alegra.

Nesse caleidoscópio o vermelho está com duas mulheres deitado sobre a canga. O azul esverdeado corre contente com a criança e a transparência, ah a transparência. Como é difícil identificar tua voz. Só teu jeito te denuncia ainda que carregues o nome de uma mulher em seu ombro e não sei o que isso significa. No ano que passou estive com alguém que fazia o mesmo nas costas. Não importa, transparência, coisa que o Brasil precisa, alegra nesta tarde sem cor entre as pernas que se abrem no quiosque em forma de deck.

Hora de voltar, de cruzar de novo em tom azul esverdeado e ver as cores na esquina. Uma figura esperta há de chegar e colocar uma roupa que valorize seus atributos, mesmo tendo errado na cor do xampu. Quem será que vem para o seu encontro. Olhar no celular e olhos fixos no horizonte da rua que em 10 minutos um sorriso desperta e matamos, juntos, a charada do encontro. Aliás, uma bela charada.

Por isso pode-se dizer que essa meia hora foi, simplesmente, recompensadora.

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